segunda-feira, 4 de abril de 2011

Especial Armas de Fogo – O Colete Balístico

Publicado por Abordagem policial em 23fev2010Em: Armas de Fogo Autor: Danillo Ferreira.http://abordagempolicial.com/2010/02/especial-armas-de-fogo-o-colete-balistico/


Depois de algum tempo de férias, reiniciamos a aclamada

série de posts do nossoEspecial Armas de Fogo, que

publicamos toda terça-feira, como sabem os fiéis leitores

do Abordagem Policial. Hoje vamos falar dum

equipamento fundamental e indispensável para a atividade

policial, e que guarda direta relação com o tema “armas de

fogo”. Por quê? Ora, onde há a necessidade do uso de

armas de fogo, certamente haverá a necessidade de

equipamentos de proteção individual que livrem o policial de

ser atingido por qualquer oponente.

É aí que entra o principal equipamento de proteção quando

nos referimos a embates com uso de arma de fogo: o

colete a prova de balas, ou colete balístico. Quem gosta de

filmes épicos certamente já viu as armaduras dos cavaleiros

medievais, que tinham àquela época a mesma intenção

que os atuais coletes: defender os guerreiros dos ataques

armados dos inimigos. A diferença é que na Idade Média

a espada e as lanças eram os instrumentos de ataque,

enquanto hoje nos referimos a revólveres, pistolas, fuzis etc.

Sofisticação nas armas, sofisticação nas armaduras. Os

coletes atuais se baseiam em princípios físicos interessantes,

e são feitos de materiais bem mais inusitados e diferentes

do que o simples metal de outrora. É preciso dizer que

existem muitos materiais utilizados na fabricação de coletes,

que vão da cerâmica (não aquela dos azulejos e pisos,

naturalmente) e alumínio até fibras como o Kevlar. Como é

impossível estudar todos os materiais utilizados na fabricação

dos inúmeros tipos de coletes existentes, vamos nos ater a dois

princípios que considero básicos na função que o colete a

prova de balas exerce ao entrar em contato com o projétil,

aos quais vou denominar “Princípio da Bola de Futebol” e

“Princípio do Carro de Fórmula 1″:

Princípio da Bola de Futebol


Por que usar fibras num colete a prova de balas? Imagine

uma bola de futebol indo em direção à rede da trave. A rede,

aqui, representa nossa fibra, a bola, o projétil que foi disparado.

Assim que a bola (projétil) entra em contato com a rede, a

energia contida no movimento da bola é transferida para a

rede. Percebam que isso não é feito de maneira muito

localizada, já que quase todas as linhas da rede recebem

parte da energia (por isso se movimentam).

A fibra de um colete exerce essa mesma função: absorve

a energia contida no projétil e dispersa para toda a sua área.

Caso isso não ocorresse, o impacto localizado se efetivaria,

e a lesão no indivíduo seria inevitável (mesmo sem perfuração).

É esse poder de dispersão que faz um colete eficiente. Apesar

de haver substancial diferença na densidade das fibras de um

colete em comparação com uma rede de futebol, o princípio

utilizado é o mesmo.

Princípio do Carro de Fórmula 1


A aerodinâmica de um carro de Fórmula 1 é algo fenomenal.

Cada estrutura do automóvel é milimetricamente projetada para

seu objetivo: atingir centenas de quilômetros por hora de

velocidade. O que ocorreria se substituíssemos a chaparia

de um carro de Fórmula 1 pela chaparia de um fusca, mesmo

mantendo seu motor? Certamente, a velocidade alcançada seria

bem menor, mesmo que ignorássemos o peso das duas chaparias.

Se os projéteis das armas de fogo fossem dispostos nos cartuchos

de maneira inversa ao convencional (com a parte “fina” para dentro

do estojo), certamente obteríamos um efeito análogo no que se

refere ao seu poder de perfuração.

Os coletes a prova de balas fazem justamente isso: deformam

os projéteis para que eles se tornem “fuscas”, mesmo que

seus motores (armas de fogo) sejam os melhores possíveis.

Quanto mais deformado estiver o projétil, menos perfurante

ele ficará, e mais fácil sua energia se dissipará na estrutura

do colete.

* * *

Unindo o Princípio da Bola de Futebol com o Princípio do

Carro de Fórmula 1, fica fácil entender basicamente como

funcionam os coletes a prova de bala. Porém, nem tudo

é tão fácil assim… Cada colete tem uma capacidade máxima

de resistência à ação dos projéteis. A depender do material

que o compõe e de como estão dispostos, os coletes

resistirão mais ou menos às diversas munições e

armas utilizadas. Para deixar isso claro, existe uma

classificação do Ministério da Defesa, onde são

regulamentados os coletes de acordo com a energia

(em joules) que suporta:




É importante frisar que apenas militares, policiais e empresas

de segurança particular podem ter autorização para adquirir

coletes balísticos no Brasil – ou mesmo membros do Ministério

Público e do Judiciário que justifiquem seu uso. É um debate

interessante a extensão do direito a todos os cidadãos, algo

que me oponho momentaneamente, pelo menos enquanto

durar o poder bélico e financeiro do Tráfico de Drogas no

Brasil, e a direta possibilidade do contrabando mais fácil

desse material.

Aos policiais, é injustificável o não uso do colete, em qualquer

ocasião do serviço. É um absurdo sem tamanho a existência

de unidades policiais que não dotam seus profissionais do

equipamento, justificando inclusive a recusa ao serviço por

parte desses homens. Não são raras as vezes em que o

colete balístico se mostrou mais importante que a própria

arma de fogo. Que os policiais e os governantes nunca se

esqueçam disso.

Especial Armas de FogoO Especial Armas de

Fogo é uma série de posts publicados sempre nas terças-feiras,

tratando do mundo das armas de fogo e do tiro policial. Caso

você tenha sugestões, mande um email para

abordagempolicial@gmail.com

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