Publicado por Abordagem policial em 23fev2010Em: Armas de Fogo Autor: Danillo Ferreira.http://abordagempolicial.com/2010/02/especial-armas-de-fogo-o-colete-balistico/
Depois de algum tempo de férias, reiniciamos a aclamada
série de posts do nossoEspecial Armas de Fogo, que
publicamos toda terça-feira, como sabem os fiéis leitores
do Abordagem Policial. Hoje vamos falar dum
equipamento fundamental e indispensável para a atividade
policial, e que guarda direta relação com o tema “armas de
fogo”. Por quê? Ora, onde há a necessidade do uso de
armas de fogo, certamente haverá a necessidade de
equipamentos de proteção individual que livrem o policial de
ser atingido por qualquer oponente.
É aí que entra o principal equipamento de proteção quando
nos referimos a embates com uso de arma de fogo: o
colete a prova de balas, ou colete balístico. Quem gosta de
filmes épicos certamente já viu as armaduras dos cavaleiros
medievais, que tinham àquela época a mesma intenção
que os atuais coletes: defender os guerreiros dos ataques
armados dos inimigos. A diferença é que na Idade Média
a espada e as lanças eram os instrumentos de ataque,
enquanto hoje nos referimos a revólveres, pistolas, fuzis etc.
Sofisticação nas armas, sofisticação nas armaduras. Os
coletes atuais se baseiam em princípios físicos interessantes,
e são feitos de materiais bem mais inusitados e diferentes
do que o simples metal de outrora. É preciso dizer que
existem muitos materiais utilizados na fabricação de coletes,
que vão da cerâmica (não aquela dos azulejos e pisos,
naturalmente) e alumínio até fibras como o Kevlar. Como é
impossível estudar todos os materiais utilizados na fabricação
dos inúmeros tipos de coletes existentes, vamos nos ater a dois
princípios que considero básicos na função que o colete a
prova de balas exerce ao entrar em contato com o projétil,
aos quais vou denominar “Princípio da Bola de Futebol” e
“Princípio do Carro de Fórmula 1″:
Princípio da Bola de Futebol
Por que usar fibras num colete a prova de balas? Imagine
uma bola de futebol indo em direção à rede da trave. A rede,
aqui, representa nossa fibra, a bola, o projétil que foi disparado.
Assim que a bola (projétil) entra em contato com a rede, a
energia contida no movimento da bola é transferida para a
rede. Percebam que isso não é feito de maneira muito
localizada, já que quase todas as linhas da rede recebem
parte da energia (por isso se movimentam).
A fibra de um colete exerce essa mesma função: absorve
a energia contida no projétil e dispersa para toda a sua área.
Caso isso não ocorresse, o impacto localizado se efetivaria,
e a lesão no indivíduo seria inevitável (mesmo sem perfuração).
É esse poder de dispersão que faz um colete eficiente. Apesar
de haver substancial diferença na densidade das fibras de um
colete em comparação com uma rede de futebol, o princípio
utilizado é o mesmo.
Princípio do Carro de Fórmula 1
A aerodinâmica de um carro de Fórmula 1 é algo fenomenal.
Cada estrutura do automóvel é milimetricamente projetada para
seu objetivo: atingir centenas de quilômetros por hora de
velocidade. O que ocorreria se substituíssemos a chaparia
de um carro de Fórmula 1 pela chaparia de um fusca, mesmo
mantendo seu motor? Certamente, a velocidade alcançada seria
bem menor, mesmo que ignorássemos o peso das duas chaparias.
Se os projéteis das armas de fogo fossem dispostos nos cartuchos
de maneira inversa ao convencional (com a parte “fina” para dentro
do estojo), certamente obteríamos um efeito análogo no que se
refere ao seu poder de perfuração.
Os coletes a prova de balas fazem justamente isso: deformam
os projéteis para que eles se tornem “fuscas”, mesmo que
seus motores (armas de fogo) sejam os melhores possíveis.
Quanto mais deformado estiver o projétil, menos perfurante
ele ficará, e mais fácil sua energia se dissipará na estrutura
do colete.
* * *
Unindo o Princípio da Bola de Futebol com o Princípio do
Carro de Fórmula 1, fica fácil entender basicamente como
funcionam os coletes a prova de bala. Porém, nem tudo
é tão fácil assim… Cada colete tem uma capacidade máxima
de resistência à ação dos projéteis. A depender do material
que o compõe e de como estão dispostos, os coletes
resistirão mais ou menos às diversas munições e
armas utilizadas. Para deixar isso claro, existe uma
classificação do Ministério da Defesa, onde são
regulamentados os coletes de acordo com a energia
(em joules) que suporta:
É importante frisar que apenas militares, policiais e empresas
de segurança particular podem ter autorização para adquirir
coletes balísticos no Brasil – ou mesmo membros do Ministério
Público e do Judiciário que justifiquem seu uso. É um debate
interessante a extensão do direito a todos os cidadãos, algo
que me oponho momentaneamente, pelo menos enquanto
durar o poder bélico e financeiro do Tráfico de Drogas no
Brasil, e a direta possibilidade do contrabando mais fácil
desse material.
Aos policiais, é injustificável o não uso do colete, em qualquer
ocasião do serviço. É um absurdo sem tamanho a existência
de unidades policiais que não dotam seus profissionais do
equipamento, justificando inclusive a recusa ao serviço por
parte desses homens. Não são raras as vezes em que o
colete balístico se mostrou mais importante que a própria
arma de fogo. Que os policiais e os governantes nunca se
esqueçam disso.
Fogo é uma série de posts publicados sempre nas terças-feiras,
tratando do mundo das armas de fogo e do tiro policial. Caso
você tenha sugestões, mande um email para
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