O dia amanhecera esplendoroso.
O sol radiante mostrava seu brilho sobre as flores
dos jardins, prenunciando a primavera.
Vários passarinhos enchiam o ar com seus belos gorjeios.
Os colibris e as borboletas volitavam, atraídos pelo
perfume das flores, em busca do mel.
Num canto escondido, por entre arbustos de um canteiro
de flores silvestres, uma lagarta, já em seu casulo, está
prestes a transformar-se numa borboleta.
Deixará deter um aspecto feio e sem graça.
Mas, para isso, terá que ter paciência.
A natureza sabe a hora certa. Mas ela tem pressa.
Quer em breve tempo poder também estar voando entre
assuas irmãs borboletas, grandes ou pequenas.
Para ela, não importava o tamanho, e sim a liberdade.
Com o correr do tempo, a nossa amiguinha sente que
está se desprendendo do casulo.
Que bom, meu Deus! pensa ela Já, já, estarei livre
para voar.
Repentinamente, ela se desprendeu e pronto: seu
corpo e suas asas ali estavam.
E, com alguma dificuldade, começou a esforçar-se
para separar as suas asas, que sentia muito unidas.
Esticou as perninhas e levantou suas antenas. Pronto,
pensou já posso voar!
Procurou as flores através do perfume, para poder
alimentar-se.
Mas ela também queria encontrar um rio ou uma
poça de água para olhar-se.
Como seriam suas asas? Será que sou grande ou
pequena? pensava.
Nessa procura, a nossa borboleta encontrou várias
irmãzinhas pelo caminho.
Embora voassem em bando, nenhuma delas parou
para dirigir-lhe sequer um olhar.
Por quê? Serei tão pequenina, que ninguém me vê?
E assim pensando, ela encontrou um riacho.
Pairou sobre ele e... que espanto!
Meu Deus, minhas asas são azuis!
como a cor do céu!
E envaidecida, achou-se bela.
Seu tamanho era igual a que vira em outras
borboletas de asas de cores variadas, lindas
também!
Mas ela... ah, como Deus a enfeitara, porque era
muito bonita.
Ela era diferente das suas irmãzinhas, pois era azul!
Talvez, por este motivo as outras borboletas não
ligaram quando passou por ela.
Ficaram com inveja da sua beleza.
E assim pensando, a borboleta azul voltou rápido
para os jardins, queria ser notada.
E faria de tudo para que a admirassem.
Voando para lá e para cá, tentou juntar-se às outras.
As pessoas que por ali passavam, começaram a notar
a beleza da borboleta.
As crianças não se cansavam de admirá-la e,
batendo palmas, diziam:
-Veja, papai, veja, mamãe, que borboleta linda!
É toda azul!
E outros Nunca vi igual. Que asas grandes!
Parece que foi tecida por mãos de fada e
caprichosamente tingida de azul, cor do céu.
E alguém também admirando-a, disse:
-Isto é capricho da natureza e chama-se Deus!
A borboleta azul estava triunfante.
Procurava pousar emgalhos bem altos, para poder
ser bem vista e admirada.
As outras borboletas estavam irritadas.
E, seguindo o conselho de uma delas, que também
mostrava suas asas grandes e multicoloridas,
foram afastando-se e cochichando umas com as outras,
dizendo:-
-Vamos para o outro lado. Deixemos esta vaidosa
e convencida, sozinha.
Ela não deve fazer parte do nosso grupo.
Somos todas iguais. Deus nos fez iguaizinhas disse
uma borboleta pequenina, de cor amarela.
A diferença pode estar no nosso tamanho e cores,
mas nem por isso deixamos de ser borboletas e
acima de tudo irmãs.
É, diz a borboleta multicor com isto devemos
ajudar-nos umas às outras.
E também os nossos amiguinhos, como as abelhinhas,
as formiguinhas, que de vez em quando precisam de
ajuda completa a borboleta amarela.
A borboleta azul, com isto, ficou completamente
isolada. Mas ela ainda estava muito vaidosa.
Achava-se eficiente e não precisava das outras.
Sabia alimentar-se, para sobreviver tranqüila.
Portanto, que importavam os outros?
Repentinamente ela ouviu um gritinho! Olhou e
viu num ramo da figueira uma abelhinha desesperada.
-Por favor, borboleta, venha rápido, ajude-me.
Um dos meus ferrões ficou preso neste figo,
e por causa dos espinhos, não consigo soltar-me.
A borboleta azul olhou o local e falou:
-Sinto muito abelhinha, não vou colocar-me
em perigo.
Além do mais, posso machucar minhas belas asas.
E assim ela foi embora, deixando a pobre abelhinha
em desespero.
Mas logo em seguida, a borboletinha amarela surgiu,
e imediatamente foi ajudar a abelha. Depois de ser
salva, ela conta o sucedido com a borboleta azul.
A outra escutou e falou:
-Que pena! Ela perdeu a oportunidade de ser útil.
Nós não estamos aqui só para embelezar, mas para
nos ajudarmos, e assim colaborarmos com a natureza.
E as duas voaram, a borboleta para o trabalho de
condução de pólen, de uma flor para outra, e a
abelhinha para fabricar mel na colméia.
Porém, como tudo que se faz de bem ou de mal
tem o seu retorno, chegou a vez da bela borboleta azul.
Estava ela toda dengosa, esvoaçando de galho em
galho de uma roseira, quando repentinamente perdeu
o equilíbrio e caiu numa poça de água barrenta.
Começou a debater-se de um lado para outro, mas
não conseguia sair daquele lodaçal.
-E agora? pensava ela.
Tentou levantar as asas, mas notou que uma delas
não saía do lugar.
Desesperada gritou por socorro.
-Será que nenhuma borboleta vai passar por aqui?
Nenhuma abelha?
E a borboleta azul só pensava que a sua beleza
estava ameaçada.
-E se as minhas asas azuis ficarem manchadas?
E se as minhas perninhas estiverem quebradas?
E se eu morrer, sufocada pela lama? pensava ela.
As borboletas, que tinham à frente a borboleta
multicor, passeavam também sobrevoando as roseiras.
Repentinamente, a borboletinha amarela, afastou-se
um pouco do bando, e voltou-se rápida, para chamar
a atenção das irmãzinhas.
-Venham, venham depressa.
Olhem lá pra lama... não é a borboleta azul, que
parece estar passando mal na poça de lama?
A borboleta multicor, pairou sobre o local, e viu
que realmente era a borboleta azul.
-Vamos, irmãzinhas, vamos ajudá-la.
-Ah, não! Não vamos salvá-la. Deixe que se
afogue disse uma delas.
-É mesmo disse outra ela sempre foi má.
Ou vocês esqueceram a prepotência dela sobre nós?
Mas a borboleta multicor falou:
-Não, minhas irmãzinhas, estou desconhecendo
vocês! Nunca deixamos de ajudar. Se ela é
boa companheira ou não, isso é problema dela.
O nosso dever agora é o de auxiliá-la, como
auxiliamos a todos os nossos amiguinhos.
-Quem sabe se esta não é a lição que a borboleta
azul precisa para modificar seus atos! falou a
borboletinha amarela, pensativa.
As outras, compreendendo a lição, aceitaram e
lá desceram, para retirar a borboleta azul da
lama. Quando a borboleta azul viu o bando
das outras sobre ela, começou a gritar: -
Salvem-me, salvem-me, por favor...
E a borboleta multicor, sempre sábia em seus
princípios, falou:
-Calma, estamos estudando o melhor jeito de
tirá-la daí. Não vai ser fácil, mas tenha paciência,
e não se agite tanto. Poderá ficar mais machucada.
-Eu sei disse ela já estou sentindo problemas com
minhas belas asas. Por que, meu Deus, isto foi
acontecer justo comigo? Será que ficarei feia?
E se eu não puder mais voar? Se assim for,
deixem-me, prefiro morrer a ficar defeituosa.
-Ora, deixa de bobagens, borboleta vaidosa disse
a borboletinha amarela. Não vê que isso aconteceu,
para que você pense um pouco, que qualquer uma
de nós pode sofrer acidentes? Quem sabe se Deus
não está chamando a sua atenção, de que você não
é a única borboleta bonita no mundo?
Só porque você é azul? Qual a diferença? Eu sou
Só porque você é azul? Qual a diferença? Eu sou
amarela e pequenina, outras são mais escuras e
outras multicoloridas, e daí? Você precisa saber que
a nossa vida é muito curta, e precisamos saber
aproveitá-la. Por isso, é bom você não ser tão egoísta,
vaidosa e caprichosa. Saiba olhar para todos com bons
sentimentos, como Deus nos criou. Somos todos iguais,
sem privilégios.
Todas estavam exaustas. Colocaram a borboleta
azul sobre o gramado do jardim. Esta, ainda
trêmula e assustada, tentou levantar as asas
que estavam sujas e molhadas, porém não
conseguiu.Triste dirigiu-se às amigas.
-Vocês têm razão! Principalmente a borboletinha
amarela. Fui muito má. Enquanto estava lá no lodo,
lembrei-me da abelhinha que pediu-me socorro, e não a
ajudei. E se ela tivesse morrido por minha causa?
ajudei. E se ela tivesse morrido por minha causa?
Ainda bem que existem seres iguais a vocês, que
mesmo não sendo reconhecidas pelo bem que fazem,
procuram sempre serem boas, até mesmo com os maus
como eu. Sei que foi castigo, bem o mereci, reconheço.
-Não, não, minha amiguinha. Deus não castiga. Ele
só nos ensina a viver uns com os outros. O castigo
somos nós mesmos que o fazemos.A nossa irmãzinha
amarelinha já fez você pensar, com a lição de moral
que ela lhe deu. E não fique preocupada. Logo mais
você estará enxuta, e o barro que está pesando sobre
suas asas, sairá, e você voltará a voar. Graças a Deus
não houve maiores danos.
As outras borboletas, que procuravam também descansar
no gramado, ouviam tudo e esperavam reconhecimento
maior da borboleta azul, quando a abelhinha, que
havia sido salva pela borboleta amarelinha, chegou
e perguntou o que estava acontecendo, pois nunca
as vira assim paradas sobre o gramado, sem trabalhar.
Contaram tudo a ela, e esta reparando na condição em
que estava a borboleta azul, falou:
-Tenho pena de você. Sei o que é ficar presa sem poder
sair, e o medo que sentimos, mas você viu o quanto é
bom termos amigos. Ainda bem que todas elas lhe
ajudaram. Você, como eu, ficaremos gratas para sempre,
com o que fizeram por nós.
A borboleta azul ficou pasma. Quando viu a chegada da
abelhinha, ela pensou que esta a recriminaria e fosse
agredi-la com palavras duras, e até achar que tinha sido
bem feito, por ela ter sido tão orgulhosa,emnão querer
salvá-la. No entanto, ela disse ter ficado penalizada
com o estado em que se encontrava.
Ainda trêmula, falou:
Ainda trêmula, falou:
-Creio que esta foi a melhor coisa que podia acontecer
comigo. Todas vocês foram boas e amigas. Posso dizer
a vocês que aprendi a lição. De agora em diante, quero
fazer parte, se vocês permitirem, deste grupo das
minhas irmãzinhas.
-Claro, claro falou a borboleta multicor. É assim que
se fala. Juntas, alegraremos os olhos dos adultos e
as crianças também gostarão de nos ver.
Passados alguns dias a borboleta azul já estava linda
novamente. Só que agora, ela também fazia parte
daquele belo bando de borboletas, que continuavam
a voar sobre as flores, embelezando, como sempre,
o quadro da Natureza.
***
Procuremos aprender, portanto, com esta pequena
estória, que a Lei doAmor, deve estar sempre presente.
A beleza exterior nada representa, se o interior
for repleto de orgulho, vaidade e egoísmo.
Mas a criatura que possa parecer feia, ou sem
nenhum atrativo por fora, e for boa de coração,
piedosa, souber perdoar e ser caridosa, ela mostrará
em seu exterior a beleza do espírito.
Será, sem dúvida, o ser mais belo aos olhos de todos,
e abençoado por Deus.
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