Comerciante foi morto na frente dos filhos; polícia chegou a falar em delegacia especializada, mas secretário considera ''improvável''
Cinco pessoas morreram em latrocínios (roubos seguidos de morte) na capital e na Grande São Paulo em um período de 24 horas, entre a segunda-feira e anteontem. A última vítima assassinada por ladrões foi o comerciante Antônio Seyn Chon, de 35 anos. Ele levou um tiro na frente de seus filhos, de 5 e 13 anos, na zona leste da cidade.
Os números desse tipo de crime têm aumentado na capital. De janeiro a junho deste ano, foram registrados 46 casos. Em igual período de 2010 houve 41 latrocínios. No Estado, as ocorrências no primeiro semestre deste ano chegaram a 167. Segundo a polícia, em cerca de 30% dos latrocínios os ladrões exigiam o veículo ou a moto da vítima.
Diante dos casos, a Polícia Civil chegou a anunciar ontem a criação de uma delegacia específica para latrocínios, que funcionaria na sede do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). À noite, no entanto, o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, em entrevista à TV Globo publicada pelo site G1, desautorizou a iniciativa. "Existe um estudo sobre essa delegacia especial, mas a sua criação é improvável", afirmou Ferreira Pinto.
Casos. Anteontem à noite, o comerciante Antônio Seyn Chon jogava videogame com os dois filhos na sala da casa da família, na Vila Progresso, quando cinco homens encapuzados entraram no imóvel. Eles exigiram as chaves do cofre e do Chevrolet Captiva de Chon. Como não conseguiram, um dos bandidos apontou a arma para o filho mais velho da vítima, que tentou defendê-lo. Chon foi baleado e morreu. O comerciante era dono de duas lojas de roupas no Brás.
Outro latrocínio registrado anteontem aconteceu em Guarulhos, na Grande São Paulo. Às 15 horas, o aposentado Joselito Silva Reis, de 69 anos, foi abordado por bandidos ao sair de um banco. Seu amigo, o técnico em eletrônica Maílson Martinho de Aguiar, de 21, tentou defendê-lo. Ambos levaram tiros e morreram. Na mesma noite, o guarda-civil Daniel Silva, de 40 anos, estava em um mercado na zona sul de São Paulo quando aconteceu um assalto. Ele morreu após ser baleado pelos bandidos.
Na noite de segunda-feira, Oswaldo Pereira, de 40 anos, dono de um bar na Lapa, zona oeste de São Paulo, foi morto na frente da filha após entregar o que os ladrões pediram: um notebook e um radiocomunicador.
Prevenção. Para o coronel da reserva Rui César Melo, ex-comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, o combate especializado é fundamental para a redução de um determinado crime. "Observamos que priorizar o combate ao homicídio, por exemplo, fez esse tipo de crime cair. Uma investigação mais apurada colabora para a queda dos índices", diz ele, que esteve à frente da PM a partir de 1999, ano em que houve pico de homicídios. Os índices começaram a cair a partir de 2000 - Melo ficou até 2002. O coronel ressalta outras três medidas para reduzir os latrocínios: o mapeamento dos casos, investimento na busca de armas e orientação à população.
O major Marcel Lacerda Soffner orienta as vítimas a nunca reagir. Segundo ele, o comportamento da vítima é um dos pontos importantes durante um assalto - qualquer movimento, mesmo sem intenção de reagir, pode ser fatal. A vítima deve avisar o bandido sobre cada ação.
CRONOLOGIA
Segunda-feira
21 horas
O comerciante Oswaldo dos Santos Pereira, de 40 anos, é morto por um ladrão em seu bar, na Lapa, zona oeste da capital, após entregar um notebook e um radiocomunicador. A filha dele testemunhou o crime.
Anteontem
15 horas
O aposentado Joselito Silva Reis, de 69 anos, e o técnico em eletrônica Maílson Martinho de Aguiar, de 21, morrem após roubo em Guarulhos, Grande São Paulo. Reis foi abordado por ladrões ao deixar um banco e Aguiar, seu amigo, tentou defendê-lo.
20 horas
O guarda-civil metropolitano Daniel Silva, de 40 anos, é assassinado em uma tentativa de assalto a um mercado na zona sul. Ele estava com dois amigos, também GCMs, todos à paisana. Os agentes revidaram e um bandido foi morto. Outros dois conseguiram fugir a pé.
21 horas
O comerciante Antônio Chon é morto na frente dos dois filhos por bandidos que invadiram a casa da família, na Vila Progresso, zona leste. Chon reagiu quando um dos criminosos apontou a arma para um de seus filhos. Acabou baleado no peito e morreu no hospital.
fonte: http://www.estadao.com.br/
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