terça-feira, 5 de julho de 2011

Contra barulho, mediador de conflito


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LUÍSA ALCALDE

A Prefeitura de São Paulo vai formar até o fim do ano 2 mil mediadores de conflitos para atuar em ocorrências de perturbação de sossego, como brigas de vizinhos e queixas de barulho.
Também serão abertas na capital 34 Casas de Mediação em locais onde funcionam inspetorias da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Quatro já devem estar em funcionamento ainda este ano, segundo o secretário municipal de Segurança Urbana, Edson Ortega. A ideia é que elas funcionem 24 horas.
A primeira delas deverá ser inaugurada ainda este mês em uma sala dentro do Parque da Luz, na região central, onde há uma base da GCM. Especificamente nesse caso, as mediações ocorrerão dentro do horário de funcionamento do parque.
As Casas de Mediação serão distribuídas de acordo com as regiões onde mais ocorrem queixas de perturbação de sossego na cidade. Como ainda estão em fase de projeto, posteriormente será aberta licitação para início das obras.
Os mediadores serão acionados no momento em que a Prefeitura receber a denúncia, pelo número 153 da GCM. Queixas também podem ser feitas pelo número 156, do Psiu, e 190, da Polícia Militar. O objetivo é que os reclamantes cheguem a um consenso pelo diálogo.
Alunos
Do efetivo de guardas que trabalham nessa área, 25 já estão formados em mediação de conflito, de acordo com Glacilda Pinheiro Corrêa, diretora de formação da Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz (Umapaz), ligada à Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, onde o curso é ministrado.
A maioria dos 2 mil mediadores será de GCMs. De acordo com o secretário Ortega, 400 deles já estão aptos para atuar em mediação. Os demais serão voluntários ligados a associações de bairros, líderes comunitários e organizações não governamentais (ONGs).
Chamados
Nos últimos quatro anos, registros de perturbação de sossego cresceram 226% na capital e já representam 60% dos chamados para o número 190 da Polícia Militar nos finais de semana.
“Queremos justamente intermediar essas situações para que não se transformem em caso de polícia. Muitos hoje vão parar nas delegacias e, em casos extremos, até no necrotério”, afirma Ortega.
Moradora da Rua José Antônio Coelho, na Vila Mariana, zona sul, a psicóloga A., que prefere não se identificar, é um desses casos extremos.
Ela diz que está sendo ameaçada por um dos proprietários de um dos bares alvo de uma denúncia que ela fez na delegacia do bairro por causa do barulho. A psicóloga registrou boletim de ocorrência contra cinco estabelecimentos. Hoje, vive com medo de represálias.
“Tentei de tudo antes de radicalizar. Sempre ia até os bares pedir que baixassem o som quando exageravam. No início, eles até atendiam. Mas depois a situação entornou”, diz ela, que não está disposta a mudar de região.
“Comprei meu patrimônio com sacrifício. Gastei R$ 13 mil para colocar janelas antirruído e ainda assim ouço barulho. Moro aqui há 29 anos. Não acho justo ter de mudar”, protesta.
Segundo a psicóloga, outro morador que foi reclamar recentemente do mesmo problema com os proprietários dos bares também foi ameaçado. “Depois disso, com medo, ele foi embora daqui”, conta.

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