APRESENTAÇÃO
Com custo relativamente baixo e alto potencial para gerar
dependência química, o crack é, dentre as substâncias
entorpecentes, aquela que tem causado as consequências
mais nefastas em nossa sociedade.
A droga atinge grave e diretamente a saúde física e mental
dos usuários. Mais que isso, e de forma muito rápida,
debilita laços familiares e relações sociais. Nesta medida,
constitui indiscutível fator de aumento das taxas de
criminalidade, violência e outros problemas sociais.
O combate mais eficiente faz-se pela prevenção, e,
para tanto, conhecimento é fundamental.
Esta cartilha, que especialistas elaboraram por solicitação
do Conselho Nacional de Justiça, tem por objetivo levar
informações básicas sobre o tema aos colaboradores do
sistema de justiça.
E o texto, redigido em linguagem simples, está também à
disposição no portal do CNJ (www.cnj.jus.br), de modo
que o acesso será gratuito aos órgãos do poder público
e à população em geral.
Ministro Cezar Peluso
Presidente do Conselho Nacional de Justiça.
APRESENTAÇÃO 02
A sociedade brasileira vive momentos de otimismo frente
ao cenário econômico mundial, tendo sobre si um
elenco de oportunidades para conquistar novo patamar
de desenvolvimento. O desafio, contudo, é garantir
que este crescimento seja acompanhado de mais
justiça social e respeito ao meio ambiente.
Tal desafio encontra barreiras históricas e exige união
de esforços entre a sociedade e o Estado em
torno de consensos mínimos que contribuam para a
elevação da qualidade de vida dos cidadãos.
O Instituto Crack, Nem Pensar e o Conselho Nacional
de Justiça reuniram suas forças para enfrentar um desses
consensos que afligem nossas famílias, sobretudo
nossas crianças, adolescentes e jovens, exterminando
seu futuro e frustrando nossa capacidade de realização:
o consumo do Crack e de outras drogas ilícitas.
Por meio desta cartilha e de outras ações de
mobilização, pretendemos alertar a sociedade sobre o
perigo desta droga devastadora e orientar sobre as
alternativas de enfrentamento.
Trata-se de parceria aberta em que todos são convidados
a oferecer sua contribuição. Esta, certamente, não é a
primeira iniciativa nesta direção e esperamos que não
seja apenas mais uma. Nosso intuito com este gesto
de colaboração é, justamente, desafiar as forças vivas
de nossa comunidade para uma ação articulada e
complementar à tarefa pública. Todos e cada um
pela erradicação deste mal.
Dr. Marcelo Lemos Dornelles
Presidente do Instituto Crack, Nem Pensar.
MENSAGEM
Vivemos a era das informações e, em razão disso, o escopo
pedagógico ganha cada vez mais relevância.
O momento caracteriza-se pelo consumo indiscriminado
de drogas, quer lícitas, quer ilícitas.
A ingestão do crack, em especial, pelo seu elevado
poder lesivo, vem colocando em risco milhares de
crianças e adolescentes, seja pelo consumo direto da
droga, seja pelos efeitos indiretos, porém devastadores,
no núcleo familiar.
A Corregedoria Nacional de Justiça integra este trabalho
buscando levar à sociedade as necessárias informações
sobre o tema. Assim, todos, indistintamente, devem agir
para a garantia dos direitos das crianças e dos
adolescentes, fazendo valer efetivamente os
melhores interesses dos infantes.
Ministra Eliana Calmon
Corregedora Nacional de Justiça.
A melhor forma de prevenção contra as drogas é a informação.
Esta deve ser clara, objetiva e fundamentada cientificamente.
A prevenção passa por toda a sociedade, nela incluídas escolas,
famílias, poder público, organizações não governamentais, etc.
Este material visa colaborar para ampliar a discussão sobre
o tema e trazer informação sobre o grave problema do uso
do crack, além de alertar sobre a urgência de medidas
efetivas e a ampliação do financiamento público para a
concretização destas medidas.
A droga é algo que já existe há muito tempo. Neste sentido,
o consumo de substâncias que alteram o estado de consciência
é fenômeno cultural, que ocorre em diversos contextos
(social, econômico, ritual, religioso, estético, psicológico,
cultural). Não há sociedade livre de drogas. O que há são
diferentes finalidades quanto ao uso. A busca de
experiências de prazer é apenas uma delas.
O uso de crack, no Brasil, vem crescendo de modo
avassalador. Vale lembrar que o álcool e o tabaco também
são largamente utilizados por crianças e adolescentes.
Entre estes, aqueles que são moradores de rua, vivenciam
agravos relativos ao uso, não só físicos,
como psíquicos e sociais.
A questão que se aborda é com o fim de saber como
atender na rede pública de saúde os usuários de crack
das regiões mais vulneráveis das cidades. A necessidade
de se aproximar desta população e criar relações de
confiança requer um trabalho territorial intersetorial, com
forte investimento na formação dos profissionais envolvidos.
É certo também que o contínuo combate à miséria e a
melhoria das políticas públicas no campo social são fatores
primordiais na prevenção ao abuso de todas as drogas.
A atenção a usuários de crack no Sistema Único de
Saúde (SUS) está fundamentada nos referenciais de atenção
em rede, acesso universal e intersetorialidade. Ressalte-se
a gratuidade de qualquer atendimento, que se constitui
também direito da família, de todos os seus membros.
Aliás, é muito importante a participação dos
familiares no tratamento, independentemente da adesão
ou não do usuário de crack. A porta de entrada na rede
de atenção em saúde, segundo o Ministério da Saúde,
deve ser a Estratégia de Saúde da Família e os Centros
de Atenção Psicossocial, Álcool e outras Drogas (CAPSad).
Além disso, a articulação com as políticas públicas de ação
social, educação, trabalho, justiça, esporte, direitos
humanos, moradia, também constitui importante estratégia.
PERGUNTAS E RESPOSTAS PARA ENTENDER O CRACK
1 O QUE É CRACK ?
É uma substância psicoativa euforizante (estimulante),
preparada à base da mistura da pasta de cocaína com
bicarbonato de sódio. Para obtenção das pedras de
crack também são misturadas à cocaína diversas
substâncias tóxicas como gasolina, querosene e até água
de bateria. A pedra de crack não é solúvel em água e
não pode ser injetada. Ela é fumada em cachimbo,
tubo de PVC ou aquecida numa lata. Após ser
aquecida em temperatura média de 95ºC, passa do
estado sólido ao de vapor. Quando queima, produz
o ruído que lhe deu o nome. Pode ser misturada com
maconha e fumada com ela.
A merla, também conhecida como mela, mel ou melado,
preparada de forma diversa do crack, apresenta-se
sob a forma de uma base e também é fumada. Utilizada
predominantemente no Distrito Federal, a merla é
extremamente tóxica e acarreta sérias complicações médicas.
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