Eles não são muito lembrados nem estão nos
holofotes da mídia. Mas o trabalho de
resgate de pessoas soterradas no Rio
de Janeiro não seria o mesmo se não
contasse com a ajuda dos cães farejadores.
Pluto, Hanna, Morena, Siriguela, D'artagnan e Hati
fazem parte de uma equipe de cachorros muito bem
“educada”. Além de adestrados, eles se
especializaram na busca de pessoas. São meses
de treinamento para que um cãozinho se torne um
“pós-graduado”, nas palavras da assessora de
relações públicas da Força Nacional de Segurança
Pública, Clara Lima.
Ela ainda lembra que o treinamento é completamente
diferente para cada área, já que um cão treinado
para farejar drogas não pode ser usado para buscar
feridos ou buscar explosivos, por exemplo.
O capitão Sandro Aguiar trabalha desde 2004 na
área de treinamento de cães e explica que as raças
mais indicadas para o trabalho de farejamento são
labradores, pastores belgas de malinois, goldens
retrievers e pastores holandeses. Esses cães têm
um olfato apuradíssimo por conta das mais de 70
milhões de células olfativas - os seres humanos têm
cinco milhões. Além do olfato, eles também têm a
audição aguçada, o que é fundamental para localizar
pessoas sob os escombros.
Os cães podem ser treinados a partir dos quatro
meses até por volta de um ano e meio de idade.
Desde o nascimento, o filhote é observado e
passa por testes comportamentais. Características
como caça, possessividade, independência e a
curiosidade são fatores fundamentais para a
escolha do próximo cão farejador.
Partindo para o curso, o Capitão explica que são
utilizadas essências artificiais para treinamento de
localização de cadáveres e, no caso de pessoas
vivas, roupas e sangue. Mesmo quando os animais
não estão em missão, eles estão em constante
treinamento, pois “treinamento difícil, combate
fácil”, brinca.
Os cachorros farejadores dormem em boxes
individuais, comem ração de qualidade e estão
sempre sob cuidado de uma equipe veterinária.
Por lei, eles podem trabalhar apenas
seis horas por dia.
De acordo com Aguiar, entre 2008 e 2009, a Força
Nacional capacitou 300 profissionais de
Segurança pública nas modalidades de cães
farejadores de drogas, explosivos e de busca de
pessoas em áreas colapsadas. Parte desse efetivo
já foi ou está sendo capacitada em missões do
departamento. Um dos cães que está em missão
no Rio de Janeiro já esteve inclusive na missão de
Santa Catarina, em 2008, quando as enchentes e
deslizamentos de terra mataram 135 pessoas.
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