quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sacolinhas começam a ser banidas hoje dia 25


Porém, a indústria plástica e o varejo ainda discordam sobre quem ganha com a medida na capitalREGIANE SOARES VON ATZINGEN
regiane.soares@diariosp.com.br

Enquanto os consumidores estão sendo bombardeados por campanhas em favor do meio ambiente, a indústria de sacolas plásticas e os supermercadistas apresentam argumentos um tanto quanto ortodoxos sobre o uso de sacolinhas plásticas descartáveis.

O fato é que a partir do próximo dia 25 elas serão banidas dos supermercados da capital e substituídas por sacolas retornáveis feitas com matéria-prima de fonte renovável ou pelas biodegradáveis vendidas a R$ 0,19. A mudança faz parte de um acordo assinado entre a Prefeitura e a Apas (Associação Paulista de Supermercados), que lançou a campanha Vamos Tirar o Planeta do Sufoco.

A Abief (Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis) é contra a iniciativa. “Essa campanha é um engodo para o consumidor”, afirmou o presidente da associação, Alfredo Schmitt. Segundo ele, o setor vai perder 30 mil postos de trabalho em todo o país com a substituição das sacolinhas descartáveis, seis mil só no estado de São Paulo. Além disso, as sacolas reutilizáveis são importadas, reduzindo as oportunidades da indústria nacional.

O presidente da Apas, João Galassi, contesta o argumento e diz que muitas indústrias estão se adaptando e produzindo sacolas reutilizáveis. “Algumas empresas já mudaram o pensamento, pois sabem que o reutilizável veio para ficar”, afirmou.

A empresária Gisele Barbin, da Extrusa-Pack, disse que teve de reduzir a produção de sacolas descartáveis para começar a fabricar as retornáveis de polietileno e a “verde”, feita com etanol da cana-de-açúcar. “Eu me adaptei à necessidade do mercado. Não tive prejuízo porque substitui a minha produção, mas acredito que se outras indústrias não se adaptarem, vai haver desemprego, pois o consumo das descartáveis vai cair bastante.”

O empresário Márcio Faralhe, da Percon Embalagens, aumentou a produção de sacola reutilizável em 400% nos últimos dois anos. “Antes, eu fazia 20 mil sacolas por mês. Hoje, faço cinco mil por dia”, afirmou. Márcio, que fornece mercadorias para as principais redes do país.

O professor Roberto Nascimento, do Núcleo de Estudos de Varejo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), disse que na polêmica entre os interesses do varejo e a da indústria o consumidor foi deixado de lado. “Nós somos a favor da preservação do ambiente, mas poderiam pensar em campanhas que beneficiassem o cliente.”

Usina /Em Jundiaí, no interior do estado, onde as sacolinhas plásticas já foram banidas, os consumidores usam as reutilizáveis ou as biodegradáveis, que deveriam ir para usina de compostagem, mas como não há essa opção, elas acabam indo para o lixão.

Teste do IPT vai comparar degradação de sacolinhas
O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) realiza um teste para comparar a degradação de quatro diferentes materiais usados na produção de sacolinhas de supermercados. São usadas no teste sacolas de polietileno (tradicional de plástico), polietileno com aditivo para degradação, papel e TNT.

O teste começou no dia 25 de outubro de 2011 , quando 40 sacolas foram alocadas na cobertura de um dos prédios do campus do IPT, divididas em grupos de dez unidades. Cada um desses grupos é retirado conforme cada etapa é cumprida. As sacolas são retiradas com um mês, três meses, seis meses e 12 meses. Um relatório será produzido ao final do teste.

“A sociedade precisa saber o que acontece depois do descarte”, disse a pesquisadora Mara Lúcia Siqueira Dantas.

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