Autor: Wagner Pereira
Classe Distinta da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo
Bacharel em Direito pela Universidade São Francisco
Classe Distinta da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo
Bacharel em Direito pela Universidade São Francisco
O Regime Militar que governou o Brasil de 1964 à 1985, é
denominado pelos historiadores como Golpe Militar de 1964, já
para os Oficiais da Caserna é a Revolução Militar de 1964,
independente dos traumas empíricos de repressão e censura,
o vento de mudança na segurança pública não é animador,
nos distanciamos de quebrar paradigmas da desmilitarização,
unificação e municipalização, pelo contrário estamos numa
nova Revolução Militar.
Na Cidade Maravilhosa vimos a sucumbência estatal fluminense
e carioca, mas após entoar o hino nacional aplaudimos
a INTERVENÇÃO MILITAR QUE RETOMOU TERRITÓRIOS
OCUPADOS PELO TRÁFICO, como apregoa o paladino
chefe do Executivo Estadual, tendo ápice da pirotecnia em
que a imagem é tudo, quando do hasteamento do
pavilhão nacional.
No territórios retomados são inseridas as Unidades de
Polícia Pacificadora – UPP, em que os Policiais Militares
Estaduais recebem um incentivo salarial de R$ 500,00
(quinhentos reais) do Município, pois o Governo Estadual
não tem uma política salarial definida para os profissionais
de segurança pública.
Nesse momento não há constitucionalista que se atreva
em firmar que a segurança pública é de competência
privativa do estado e que lugar de militar é no quartel.
No Estado de São Paulo surgiu no final de 2009, timidamente,
a atividade delegada, em que o Executivo Paulistano
delegou seu poder de polícia administrativa a Polícia Militar,
permitindo sua atuação na fiscalização do comércio
ambulante e meio ambiente.
A medida fez tanto sucesso que emprega 4.000 Policiais
Militares somente da Capital Paulista e agora busca se
expandir por mais 106 cidades do Estado de São Paulo, mas
o que intriga é que a atividade delegada é voltada para ações
de fiscalização de comércio ambulante e meio ambiente
será que todos os municípios envolvidos teriam
este tipo de problema?
Na reportagem “De olho em números de SP, 106 cidades
também querem 'bico oficial' de PMS”, publicada no Portal
Estadão, aponta como principais fatores positivos a redução
de cerca de 60% de policiais mortos no “bico clandestino”
e criminalidade em áreas comerciais, porém intrigante é
que isso é problema de falta de gerenciamento do Governo
Estadual, pois se o policial se sujeita ao segundo emprego
é porque o Estado não paga um remuneração digna que
permita ter uma qualidade de vida mínima e a redução
da criminalidade é dever deste Estado que falhou em
promover segurança ao cidadão.
O Município de São Paulo destinou R$ 150 milhões para a
atividade delegada, ou seja, para complementar a folha
de pagamento dos Policiais Militares, pois a relação é de
emprego e de forma terceirizada, porém muitos dirão que
esse argumento é descabido, por se tratar de servidores
públicos e estatutários, mas estes não estariam a serviço
de dois entes públicos (município e estado), incorrendo num
eventual acúmulo de cargos.
O Secretário de Segurança do Município de Mogi das Cruzes,
Eli Nepomuceno, Coronel PM da reserva, afirma que os
ambulantes não respeitavam os Guardas e acabam entrando
em conflito, com a PM isso não existe, a presença física do
policial impõe mais respeito, não é bem isso que assistimos
com os recentes confrontos na feira da madruga na Região
do Brás na Cidade de São Paulo, em que foi necessário o
emprego da cavalaria e tropa de choque para conter os
ambulantes. A diferença é que a Guarda Municipal busca
exercer a fiscalização dentro das normas estabelecidas na
legislação municipal e não no “Teje Preso!”.
Entre os 106 municípios mencionados na matéria 36 possuem
Guardas Municipais, porém 66 tem população inferior a
50 mil habitantes, por isso não podem ter a corporação
armada em conformidade com as diretrizes do estatuto do
desarmamento.
De difícil compreensão é postura de alguns municípios em
aderir ao projeto, como Turiúba que tem 1930 habitantes,
não registrou em 2010 nenhum caso de homicídio,
estupro, tráfico de entorpecente, latrocínio e roubo, registrando
15 casos de lesão corporal dolosa, 8 furtos e 1 furto de
veículos, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública,
não sendo possível imaginar que a cidade tenha problemas
de fiscalização do comércio ambulante que necessite do
emprego da Polícia Militar.
Estamos vivenciando o surgimento da militarização dos serviços
municipais, que tem como porta de entrada a segurança pública,
mas que se infiltram em outros segmentos como no caso Paulista
em que 28 Subprefeituras são comandadas por Coronéis PM’s
da Reserva, indicando que os civis não possuem capacidade
de gerir os serviços públicos ou fiscalizar o comércio ambulante.
Entretanto, por mais que o Governo do Estado se esforce
em demonstrar através de dados estatísticos que a
criminalidade diminuiu, não é esta a sensação da
população, chegando ao ponto de moradores do bairro
do Butantã, na Cidade de São Paulo, elaborar um plano
de segurança para a Polícia Militar do Estado, reforçando
a idéia de que o modelo de segurança pública está falido.
Em 2012, nas eleições municipais, cabe ao eleitor escolher
se essa é a alternativa desejada ou se o município deve
investir nas Guardas Municipais, que é o órgão com
a terceira melhor avaliação da população segundo a
pesquisa CNI-IBOPE.
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