O Crack nos Municípios Brasileiros



A Confederação Nacional de Municípios (CNM), preocupada
com a alarmante proliferação do uso de drogas nos
Municípios do país, realizou a pesquisa, com ênfase
ao crack, em 3.950 (71%) cidades para investigar
se as drogas já estão presentes no município e
como o poder público municipal está organizado
para enfrentar este problema, e qual a participação
da União e dos Estados.

Em Audiência Pública na Câmara dos Deputados
em 2010, o psiquiatra especializado em tratamento
de dependentes do crack, Pablo Roig, apresentou
uma estimativa feita com base em dados do
censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas). Segundo ele, o número de usuários
hoje no Brasil está em torno de 1,2 milhão e a
idade média para início do uso da droga é 13 anos.
O dado foi divulgado no lançamento da Frente
Parlamentar Mista de Combate ao Crack.

O crack é produzido com a mistura de cocaína e
bicarbonato de sódio ou amônia.

Sua forma sólida permite que seja fumada.
Assim, sua principal forma de uso é pela aspiração
da fumaça resultante da queima da pedra.

A fumaça do crack atinge rapidamente o pulmão,
entra na corrente sanguínea e chega ao cérebro
em oito a doze segundos e provoca intensa
euforia e autoconfiança. Essa sensação persiste
por cinco a dez minutos. No caso do crack a forma
de uso o torna mais potente, e não a sua composição.

Veja abaixo de maneira resumida e para exemplificar,
os principais problemas causados pelo consumo do crack:

1. Intoxicação pelo metal1: O usuário aquece a
lata de refrigerante para inalar o crack. Além do
vapor da droga, ele aspira o alumínio, que se desprende
com facilidade da lata aquecida. O metal se espalha
pela corrente sanguínea e provoca danos ao cérebro,
aos pulmões, rins e ossos.

2. Fome e sono: O organismo passa a funcionar
em função da droga. O dependente quase não
come ou dorme. Ocorre um processo rápido de
emagrecimento. Os casos de desnutrição são comuns.
A dependência também se reflete em ausência de
hábitos básicos de higiene e cuidados com a aparência.

3. Pulmões: A fumaça do crack gera lesão nos
pulmões, levando à disfunções.

Como já há um processo de emagrecimento, os
dependentes ficam vulneráveis a doenças como
pneumonia e tuberculose. Também há evidências
de que o crack causa problemas respiratórios agudos,
incluindo tosse, falta de ar e dores fortes no peito.

4. Coração: A liberação de dopamina faz o usuário
do crack ficar mais agitado, o que leva ao
aumento da presença de adrenalina no organismo.
A conseqüência é o aumento da freqüência
cardíaca e da pressão arterial. Problemas cardiovasculares,
como infarto, podem ocorrer.

5. Ossos e músculos: O uso crônico da droga
pode levar à degeneração irreversível dos músculos
esqueléticos, chamada rabdomiólise.

6. No sistema neurológico podem ser
identificados os seguintes efeitos:

6.1. Oscilações de humor: o crack provoca
lesões no cérebro, causando perda de função de
neurônios. Isso resulta em deficiências de memória
e de concentração, oscilações de humor, baixo limite
para frustração e dificuldade de ter
relacionamentos afetivos.

6.2. Prejuízo cognitivo: pode ser grave e rápido.
Há casos de pacientes com seis meses de dependência
que apresentavam QI equivalente a 100, dentro da
média. Num teste refeito um ano depois,
o QI havia baixado para 80.

6.3. Doenças psiquiátricas: em razão da ação
no cérebro, quadros psiquiátricos mais graves
também podem ocorrer, com psicoses, paranóia,
alucinações e delírios.

7. Sexo: o desejo sexual diminui. Os homens têm
dificuldade para conseguir ereção. Há pesquisas que
associam o uso do crack à maior suscetibilidade a
doenças sexualmente transmissíveis, em razão do
comportamento vulnerável que os usuários adotam.

8. Criminalidade: Segundo especialistas da área
de segurança pública, o consumo de crack é uma
das causa do aumento de pequenos furtos e roubos
menos elaborados. O usuário perde a noção do risco
e tem como único objetivo conseguir dinheiro para
comprar a droga, com isso, de posse de uma faca,
tesoura, ou pior, de uma arma de fogo, ele é capaz
de realizar qualquer ato para alcançar este objetivo.

O uso contínuo do crack leva à problemas psiquiátricos
que aliados à ânsia de manutenção do vício, acaba
com a resistência ao ímpeto criminoso, resultando
em ações de violência por parte do usuário,
bem como proporcionando maior vulnerabilidade
destes à violência. Em ambas situações é comum
a ocorrência de óbitos.

9. Morte: Pacientes podem morrer de doenças
cardiovasculares (derrame e infarto) e relacionadas
ao enfraquecimento do organismo (tuberculose).

Ao contrário do que se poderia imaginar, não
são as complicações de saúde pelo uso crônico
da droga, mas sim os homicídios que constituem
a primeira causa de morte entre os usuários,
resultantes de brigas em geral, ações policiais
e punições de traficantes pelo não-pagamento de
dívidas contraídas nesse comércio ilegal.

Outra causa importante são as doenças sexualmente
transmissíveis, como o HIV, por exemplo, por conta
do comportamento vulnerável que a droga gera.
O modo de vida do usuário, enfim, o expõe à
vitimização, muitas vezes levando-o a um fim trágico.



Acesse o estudo completo no Portal do Observatório do Crack

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