domingo, 7 de agosto de 2011

REFLEXÃO

O mal quer que o bem seja feito

Conta o poeta persa Rumi que Mo'avia, o primeiro califa da linhagem de Ommiad, que estava um
dia dormindo em seu palácio, quando foi despertado por um estranho homem.
- Quem é você? – perguntou.
- Sou Lúcifer – foi a resposta.
- E o que deseja aqui?
- Já está na hora de sua prece, e você continua dormindo.
Mo’avia ficou impressionado. Como é que o príncipe das trevas, aquele que deseja sempre a alma
dos homens de pouca fé, estava procurando ajudá-lo a cumprir um dever religioso?
Mas Lúcifer explicou:
- Lembre-se que eu fui criado como um anjo de luz. Apesar de tudo que aconteceu na minha
existência, não posso esquecer minha origem. Um homem pode viajar para Roma ou Jerusalém,
mas sempre carrega em seu coração os valores de sua pátria: o mesmo acontece comigo. Ainda
amo o Criador, que me alimentou quando era jovem, e me ensinou a fazer o bem. Quando me
revoltei contra Ele, não foi porque não o amasse – muito pelo contrário, eu o amava tanto que
tive ciúme quando criou Adão. Naquele momento, eu quis desafiar o Senhor, e isso me arruinou;
mesmo assim, ainda me lembro das bênçãos que me foram dadas um dia, e talvez agindo bem eu
possa retornar ao Paraíso.
Mo'avia respondeu:
- Não posso acreditar no que me diz. Você foi responsável pela destruição de muita gente na face
da terra.
- Pois acredite - insistiu Lúcifer. – Só Deus pode construir e destruir, porque é Todo-Poderoso. Foi
Ele, ao criar o homem, que colocou nos atributos da vida o desejo, a vingança, a compaixão e o
medo. Portanto, quando olhar o mal à sua volta, não me culpe, porque eu sou apenas o espelho
daquilo que acontece de ruim.
Sabendo que alguma coisa estava errada, Mo’avia começou a orar desesperadamente para que
Deus o iluminasse. Passou a noite inteira conversando e discutindo com Lúcifer, e apesar dos
argumentos brilhantes que ouvia, não se deixava convencer.
Quando o dia já estava amanhecendo, Lúcifer finalmente cedeu, explicando:
- Está bem, você tem razão. Quando esta tarde cheguei para despertá-lo de modo a não perder a
hora da sua oração, minha intenção não era aproximá-lo da Luz Divina.
“Eu sabia que, deixando de cumprir sua obrigação, você sentiria uma profunda tristeza, e durante
os próximos dias iria orar com o dobro de fé, pedindo perdão por ter esquecido o hábito correto.
Aos olhos de Deus, cada uma destas orações feitas com amor e arrependimento, valeriam o
equivalente a duzentas orações feitas de maneira automática e ordinária. Você terminaria mais
purificado e inspirado, Deus o amaria mais, e eu estaria mais longe de sua alma”.
Lúcifer desapareceu, e um anjo de luz entrou logo em seguida:
- Nunca se esqueça da lição de hoje – disse para Mo’avia:
– Às vezes o mal se disfarça em emissário do bem, mas sua intenção escondida é provocar mais
destruição.
Naquele dia, e nos dias seguintes, Mo’avia orou com arrependimento, compaixão e fé. Suas
preces foram ouvidas mil vezes por Deus.
Reflexão:
Inspirada em Mahatma Gandhi:
“Um NÃO pronunciado com convicção profunda, é muito mais importante que um SIM dito para
agradar, ser simpático, ou – o que é pior – evitar problemas que fazem parte do seu caminho, e
precisam ser resolvidos”.

matéria enviada por PEDRO ALTES DE AMORIM

Nenhum comentário:

Postar um comentário