quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Copa do Mundo 2014 - Descaso com dinheiro público


Autor: Wagner Pereira
Classe Distinta da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo
Bacharel em Direito

A Copa do Mundo de 2014, que será
realizada no Brasil, pode trazer vários
reflexos negativos ao país, principalmente
em sua economia, em razão da
irresponsabilidade dos gastos dos
recursos públicos e conseqüentemente o
endividamento dos governos, Federal,
Estaduais e Municipais.

A experiência de 2007, com a realização dos Jogos Pan
Americanos na Cidade do Rio de Janeiro, não serviu de
conscientização para os político e população e principalmente
as autoridades públicas, pois o legado deixado não é nada
estimulante, principalmente no caso do Estádio João
Havelange, conhecido como Engenhão, de propriedade da
Prefeitura da Cidade, que se tornou um elefante branco
no país do futebol.

O Estádio possui capacidade para 46.931 torcedores, teve um
custo aproximado aos cofres públicos de R$ 380 milhões,
altamente inflacionados ante a previsão inicial de R$ 60
milhões, porém foi arrendado pelo Botafogo, que paga aos
cofres públicos aluguel de R$ 36 mil, numa estimativa de
80 (oitenta) anos para que a Prefeitura Carioca recupere o
valor investido, porém o referido clube teve lucro de
R$ 1,4 bilhão com a utilização do Engenhão, fato retratado
do Engenhão”, publicada no Portal Folha.com.

O Estádio João Havelange foi palco dos Jogos Mundiais
Militares – Edição 2011, com custo de R$ 1,5 bilhão aos
cofres públicos para realização de 10 (dez) dias de
evento, informação postada no Portal Plano Brasil.

As obras em todos os estádios que serão utilizados na
Copa do Mundo estão com cronograma atrasado, forçando a
intervenção do poder público e os recursos do erário, sob a
alegação de que o país não pode ser exposto de
forma vexatória ao mundo.

No caso de São Paulo é um espetáculo de interesses,
como diria nosso saudoso Ex-Presidente Luis Inácio “Lula” da
Silva, jamais visto nesse país, a definição da escolha do estádio
é digna de uma pirotecnia mambembe, quando se preferiu a
emoção que a racionalidade, inicialmente o palco seria o Estádio
Cícero Pompeu de Toledo, conhecido como Morumbi, tudo
caminhava bem, expansão do Metrô, dos corredores de ônibus,
proximidade aos principais hospitais do país.

Contudo, não foi aprovado, pois o São Paulo não aceitou as
exigências da FIFA, que encareceram o orçamento inicial
das obras, previamente aprovadas, pois as mudanças
comprometeriam as receitas do clube, exemplo que deveria ser
seguido pelo Poder Público.

Surgiram algumas alternativas, a mirabolante do Piritubão
que seria um complexo de instalações para grandes eventos,
porém exigiria investimentos estruturais como hospitais,
escolas, transporte público, não haveria tempo, então surge
a alternativa do Estádio Paulo Machado de Carvalho,
conhecido como Pacaembu, de propriedade da Prefeitura,
porém foi rejeitado pela sua capacidade de público que não
comportaria as exigências para abertura da Copa, mas
curiosamente foi palco da Final da Libertadores
da América deste ano.

Em silêncio trabalha o Palmeiras na reforma de seu estádio,
que provavelmente será uns dos mais modernos do país, bem
localizado, com estrutura do Metrô e CPTM, com várias vias de
acesso, corredor de ônibus, hospitais e próximo das melhores
redes hoteleiras do país, sofre constantes embargos de suas
obras, pois não pode ficar pronto antes de 2014 e
principalmente não usa recursos públicos.

O receio de toda sociedade paulista quando do anúncio da realização
da Copa do Mundo no Brasil se materializou, os sábios decidiram
pela construção de mais um estádio na Capital, o local escolhido
foi o Corinthians, não é engano, pouco importava o local,
mas sim atender interesses eleitorais e financeiros
utilizando o time do povão.

A brincadeira inicialmente teria custo de R$ 350 milhões, porém
foram anunciadas cifras de R$ 1 bilhão, ou seja, 3 (três)
Engenhões bem pagos, o Executivo e a Vereança Municipal
que deveriam anunciar investimentos em obras estruturais, como
a modernização do Metrô e CPTM, criar corredor de
ônibus, duplicar a Radial Leste, principal via de acesso,
criação de novos hospitais para a Região de Itaquera, nos
surpreende com a aprovação de incentivos fiscais da ordem
de R$ 420 milhões, para uma obra privada, fato que foi
abordado na matéria “Copa quase triplica o preço
do Itaquerão”, publicada no Portal Folha.com.

Ilogicamente, o clube que não teria condições de bancar as
obras do seu próprio estádio anuncia que tem fôlego para
investir R$ 88 milhões em um jogador, apesar disto temos que
agüentar alguns Camaristas ostentando que fizeram sua
parte ao aprovar os míseros incentivos fiscais mencionados.

Não bastasse tantas manobras, surge o puxadinho ou estruturas
provisórias para ampliar a capacidade do estádio que sequer
foi construído e já receba reforma, com incentivos do Governo
do Estado de R$ 50 milhões, porém, ao final da copa, será
desativado, ou seja, esse valor para uma partida de futebol.

Ainda surge mais um problema, o terreno destinado a construção
do estádio possui dutos de gás da Petrobrás, permanecendo a
dúvida se o erário estatal irá arcar com o custo.

Aos meus amigos de Parque São Jorge pode soar como inveja
deste tricolor de coração, mas antes de torcedor temos que ser
cidadão, embora no país do futebol isso seja quase impossível,
poderíamos tentar, por isso acredito que a Arena Corintiana deve
ser o Pacaembu.

A Copa do Mundo do Brasil com certeza será mais cara da
história, pois segundo a matéria "Copa no Brasil custa mais
ou seja, gastamos mais que França, Japão, Coréia e Africa,
provavelmente passaremos anos escutando que os recursos
para segurança, educação, saúde, transporte, habitação, tecnologia
foram empregados de forma equivocada na "Copa" e que
não há recursos para investimentos estruturais e nos salários
dos profissionais dessas áreas.

Este artigo foi escrito durante minha ida ao Aeroporto Internacional
de Guarulhos, em que fiquei uma hora buscando uma vaga e
não encontrei, paguei o serviço (?) e fui embora, lembrando
que este será o principal aeroporto do país, se não
acredita assista a reportagem “Motoristas disputam vaga no

Voltando a Cidade Maravilhosa, somente para o sorteio das
eliminatórias foram gastos R$ 30 milhões do erário público carioca
e fluminense, qual será o valor final dessa aventura.

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