sábado, 9 de julho de 2011

Procurador-geral livra Gushiken, mas pede condenação de réus do mensalão


Procurador-geral livra Gushiken, mas pede condenação de réus do mensalão

Andre Dusek/AE - 06.04.2011

"Pedido foi protocolado um dia após ter sido indicado para segundo mandato de procurador"













BRASÍLIA - Um dia após ter sido indicado para um segundo

mandato de procurador-geral da República, Roberto Gurgel

pediu na quinta-feira, 7, ao Supremo Tribunal Federal (STF)

que condene 37 dos 38 réus do processo do mensalão. Para

Gurgel, só não existem provas contra o ex-ministro da Comunicação

Social Luiz Gushiken - e, portanto, ele deve ser absolvido.

O esquema do mensalão foi o principal escândalo do governo do

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e envolveu

autoridades poderosas da época, como o ex-ministro-chefe da

Casa Civil José Dirceu. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito

(CPI) investigou a relação do Palácio do Planalto e de ministérios

com as bancadas da base aliada e descobriu que o PT coordenava

um esquema que usava sobras de doações da campanha de 2002

para fazer repasses sistemáticos aos partidos da base e pagar as

dívidas eleitorais. Foram esses repasses que o denunciante do

escândalo, o então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ),

batizou de 'mensalão'.

Em outro esquema paralelo, o publicitário Marcos Valério mantinha

contratos com ministérios e estatais que rendiam propinas para o

caixa do PT e dos demais partidos aliados. Um dos contratos mais

importantes era com a empresa Visanet, holding de cartões de crédito,

onde ele mantinha um acordo especial para desviar dinheiro do cartão

do Banco do Brasil-Visa.

As investigações começaram em 2005. Muitos parlamentares recebiam

esse dinheiro das propinas sob condição de votar com o governo no

Congresso Nacional. Uma ação foi aberta no STF em 2007 após o

recebimento pelo tribunal da denúncia do então procurador-geral

da República, Antonio Fernando de Souza. A expectativa no STF é

de que o julgamento do processo comece no fim deste ano

ou no início de 2012.

Prazo final. Gurgel pediu a condenação de 37 réus e a absolvição

de Gushiken ao encaminhar na quinta-feira suas alegações finais

sobre o caso. Com o recebimento desse documento assinado pelo

chefe do Ministério Público Federal, deverá ser aberto um prazo para

que os advogados dos réus apresentem suas defesas finais. Em

seguida, caberá ao relator do processo, ministro Joaquim Barbosa,

elaborar um relatório e o voto dele para pedir a inclusão da ação

na pauta de julgamento do plenário do Supremo.

A expectativa em Brasília era de que o procurador apresentasse

suas alegações até o fim desta semana. Uma demora maior

poderia comprometer o processo, que é um dos mais complexos

da história do STF e no qual já há o risco de ocorrer a prescrição

do crime de formação de quadrilha. Dos 38 réus, 22 são acusados

de ter cometido esse tipo de delito.

'Farsa'. O julgamento está cercado de pressões políticas. O primeiro

sinal concreto em prol da contestação do processo do mensalão

foi dado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao deixar o

governo, ele disse que sua principal missão, a partir de janeiro

de 2011, seria mostrar que o mensalão 'é uma farsa'. Em abril,

o PT aprovou o retorno do ex-tesoureiro Delúbio Soares aos

quadros do partido. Nessa trilha, lentamente, réus que aguardam

o julgamento recuperam força política e voltam a ocupam

posições de destaque


estadao.com.br, Atualizado: 8/7/2011 0:01

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