domingo, 26 de junho de 2011

Eu, nós ou por nós


Outro dia ouvi a célebre frase de uma gestora: “deixemos coisas pessoais de lado em prol da coletividade, em prol da empresa”. Evidente que a mesma não usou estas mesmas palavras, mas nesse sentido. Uma frase de efeito, uma filosofia a ser seguida, mas não devemos esquecer que o homem é pessoal, ele sempre está correndo pelo “eu” nunca pelo “nós” ou “por nós”, mesmo porque o homem no geral, possui orgulho, ganância e amor próprio (é claro que quando digo “homem”, me refiro ao ser humano no geral, independente de gênero), em outras palavras, ninguém joga para perder.

Quando uma empresa dá melhores condições de trabalho a seus funcionários, aumento de salário, participação nos lucros, convênio médico e odontológico familiar, seguro de vida e toda a sorte de “benefícios” e reconhecimento, não visa o bem estar, visa que um ser humano feliz, satisfeito, reconhecido trabalhará mais e feliz, aumento de sua produtividade com qualidade, em outras palavras, a empresa irá lucrar, investe 100 recebe 1000. Investimento, nada mais, e claro, pessoalidade, pois é feita a seguinte pergunta: “quanto “eu” irei lucrar se investir isto nisto?” e se a resposta não for satisfatória, pode esquecer seus benefícios, se for só pelo seu bem, sinto muito em lhe dizer caro colega, não haverá este investimento. Mas então o que fazer? Descobrimos que nada disto adianta e que a melhora do homem é utópica? Desistir, pois o homem é um ser sem chance de evolução? É claro que não, seria eu um louco se falasse que milhares (quem sabe, milhões) de estudiosos das mais variadas ciências que investiram tantos anos e preparo de suas vidas na melhoria do ser, são utópicos e demagogos.

O que quero dizer é que a “pessoalidade” é nata do ser humano, ele já nasce com isso, o que fazemos é ao longo da vida é ensinar aos outros e a nós mesmos que podemos conviver com isto e mesmo, controlar a pessoalidade em prol de uma vida em sociedade. Um exemplo clássico? Numa festa de aniversário de uma criança, na faixa de 02 a 08 anos, peça para ela abrir e dividir os presentes com as outras crianças...verá que o resultado não é nada agradável...constataremos aqui o que escrevi acima.

Ninguém abre mão da sua pessoalidade em troca de nada, apenas por desprendimento e bom caráter, tem que ter um retorno, um “por que” para fazer isto. “O que eu ganho se todo dia, ao você chegar, te der um sorriso?”.

Podemos discorrer sobre “n” fatores, até mesmo ao famoso “puxa-saco”, “capachão”, ser deprimente e asqueroso que assola as empresas com sua subserviência, ser sem auto-estima, capaz das mais funestas práticas visando o próprio bem estar, sem se importar se alguém é prejudicado com suas práticas vergonhosas (e alguém sempre é) e baixas. Alguém já viu algum puxa-saco de mendigo? Só se o puxa-saco tiver menos que o mendigo ou se vai ganhar algo fazendo isto. E...sempre tem alguém que dá guarida para tais práticas. Mas, mesmo este ser asqueroso, faz o que faz em busca de alguma vantagem...é o tal da pessoalidade.

Não, também não estou afirmando que não há esperanças para o homem. Temos inúmeros exemplos famosos e anônimos de pessoas que trabalharam em prol da humanidade, pessoas boas mesmo, verdadeiros lideres ou mártires, e todos nós também temos a bondade como algo nato do ser, e da mesma forma que temos que trabalhar a pessoalidade para nos tornarmos melhores, temos que praticar coisas boas para sermos melhores ainda mais.

O que aprendemos com isso? O mundo é uma eterna barganha meu caro. Se você puder fazer algo por mim, eu farei algo por você, ou, como no filme Tropa de Elite 1, “se você quer rir, tem que fazer rir primeiro”. Se você trabalhando produz X, gastando para isso ½ X, se eu investir uma quantia Y e com isto eu tiver um retorno de 2X, sendo que Y é metade de quanto já gasto com você, faça as contas, terei um lucro de 125% no qual antes era de 33%, então irei investir em você, mas, se invisto, e não tenho retorno, é lógico que a regra é clara, dinheiro não nasce em árvores, logo, não investirei mais ou nem investirei. E se você me pede, quer, e etc., mas não me dá nada em troca, nem um vislumbre de vantagem ou lucro, também não investirei. Temos exemplos disto até na Bíblia, quando o Grande Mestre Jesus diz para não jogarmos sementes em terreno infértil (a Parábola do Semeador). Portanto, quando for pedir algo, pense bem e tome cuidado com o que pede. E se receber algo, pense da mesma forma, não será de graça. E antes de reclamar de algo, pense que se fizer direito o que lhe foi delegado, poderá cobrar mais pelo bom serviço e exigir melhores condições para executar, é lógico que é necessário argumento para isto, mas primeiro faça, depois cobre.

Bem, deixemos a filosofia e teorias de lado, onde quero chegar? Bem...recentemente o Prefeito da Cidade de São Paulo, senhor Gilberto Kassab, que podem falar muitas coisas, menos que ele é bobo ou ingênuo, venhamos e convenhamos, um grande administrador que sabe usar os recursos que tem e todo o tipo de argumento. Visa saltos maiores, investe nisto, vislumbra isto. Ele não nasceu grande, ele se faz grande em suas ações e pretende ser cada vez maior, sancionou/publicou um decreto onde nos delega competência para fiscalização de descarte irregular de resíduos. Bem, para isto, ele quer sim ou quer não, nos atribui competência de fiscais, e com isso, ele afirma que os cerca de 700 Agentes Vistores da PMSP que “ganham muito bem obrigado” não dão conta do serviço devido a várias outras atribuições entre outras coisas e nos dá uma chance de mais uma vez mostrarmos para a municipalidade que temos sim uma razão de existir e serventia, diferente do que diz um ou outro, como no vídeo postado no YouTube recentemente, que prefiro não me ater a qualquer comentário (http://www.youtube.com/watch?v=YXHHMJML7DA&feature=player_embedded).

É claro que os pessimistas de plantão, os que quando vêem um copo pela metade não conseguem enxergar “o copo meio cheio” e sim, o “copo meio vazio”, já estão falando que este não é nosso serviço, que é uma desmoralização, que é isto, que é aquilo e etc..

Então, eu pergunto: Qual é o nosso serviço? Para que serve um servidor público senão para trabalhar em favor do contribuinte? O que fazemos hoje condizente a nossa função original?

A alguns anos atrás, criou-se a SUFIME (Superintendência de Fiscalização e Mediação de Conflitos), foi um rebu, os pessimistas questionando, argumentando (sempre a mesma conversa, não é nosso serviço, não é nossa atividade fim, vai denegrir a categoria, etc., etc.). Acabaram com a SUFIME, estendeu-se a fiscalização para outros bairros (a Administração Pública continuava apostando na GCM), o retorno não foi satisfatório. Em uma empresa privada, acabaríamos com o setor e demitiríamos os funcionários, numa empresa pública, não pode demitir, mantém o servidor, mas convocam outros para fazer o serviço, e fizeram (me aparecem os pessimistas alegando que os “outros” tiveram condições de trabalho, usaram de meios e etc. e nós não possuíamos estes recursos e nem tínhamos respaldo).

O pior é que os outros, através de sua competência e articulação, estão tão inseridos no contexto, que hoje fica difícil saber quem somos e como iremos fazer sem eles. E eles não reclamam, se reclamam, é na cama que é lugar quente, pois na rua, a população é só elogio, e ai está o lucro do Senhor Prefeito, elogios que convergirão em votos, que é a moeda de todo político. Então, em time que está ganhando não se mexe, investe mais ainda. E cada vez mais, os “outros” estão ganhando espaço.

Há esperança?

É claro que sim, é uma questão de consciência. Você quer rir? Faça rir primeiro. Execute o serviço com excelência e cobre que os outros o façam. Um gafanhoto é desprezível, mas quando eles se juntam, é uma praga, acabam com tudo o que encontram no caminho e nada pode detê-los. Quando todos estiverem alinhados e conseguirem executar coisas de menor prestígio, estaremos preparados para exigir nosso lugar ao sol, e funções de maior valor, sem esquecer o que nos levou até lá, não repetir o que fizemos com a educação, ganhamos prestígio nas escolas e hoje, não há GCM’s em escolas, não como alguns anos atrás.

Sei que muitos de nós fazemos muito. Não vou entrar no mérito das razões que levaram a nossa GCM a estar no ponto que está. Não sou formado em Administração, Economia, Engenharia, Ciências Políticas etc. minha área é informática (mais ou menos), mas as razões são muitas. Também não irei entrar no mérito de quem é responsável ou não, apenas assumo minha parcela de culpa pelo que deixei de fazer ou pelo que podia ter feito melhor, peço perdão pelos meus erros, assumo minha culpa.

Senhores “o Sol nasce para todos, mas só brilha para alguns” e “só erra quem faz”, provérbios sábios. Então, saímos da sombra e façamos, mais ainda.

Eu estou tentando, e você?

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