sábado, 11 de junho de 2011

Enfrentando o Crack - Composição e Ação no Organismo




Composição química

O crack é obtido a partir da mistura da pasta-base de coca
ou cocaína refinada (feita com folhas da planta Erythroxylum
coca), com bicarbonato de sódio e água. Quando aquecido a
mais de 100ºC, o composto passa por um processo
de decantação, em que as substâncias líquidas e sólidas são
separadas. O resfriamento da porção sólida gera a pedra
de crack, que concentra os princípios ativos da cocaína.

Segundo o químico e perito criminal da Polícia Federal (PF)
Adriano Maldaner o nome ‘crack’ vem do barulho que as pedras
fazem ao serem queimadas durante o uso. “A diferença entre a
cocaína em pó e o crack é apenas a forma de uso, mas o princípio
ativo é o mesmo”, afirma Maldaner.

Por ser produzido de maneira clandestina e sem qualquer tipo
de controle, há diferença no nível de pureza do crack, que
também pode conter outros tipos de substâncias tóxicas -
cal, cimento, querosene, ácido sulfúrico, acetona, amônia e
soda cáustica são comuns. “A pureza vai depender do valor
pago na matéria-prima pelo produtor. Se a cocaína for
cara, é misturada com outras substâncias, para render
mais. Se for de uma qualidade inferior, pouca coisa ou
nada é adicionado”, diz Maldaner.


Forma de uso e ação no organismo

O crack geralmente é fumado com cachimbos improvisados,
feitos de latas de alumínio e tubos de PVC (policloreto de vinila),
que permitem a aspiração de grande quantidade de fumaça.
A pedra, geralmente com menos de 1 grama, também pode
ser quebrada em pequenos pedaços e misturada a cigarros
de tabaco ou maconha – o chamado mesclado, pitico ou basuco.
“Ao aquecer a pedra, ela se funde e vira gás, que depois de
inalado é absorvido pelos alvéolos pulmonares e chega rapidamente
à corrente sanguínea”, conta Maldaner. Enquanto a cocaína em
pó leva cerca 15 minutos para chegar ao cérebro e fazer efeito
depois de aspirada, a chegada do crack ao sistema nervoso central
é quase imediata: de 8 a 15 segundos, em média.

A ação do crack no cérebro dura entre cinco e dez
minutos, período em que é potencializada a liberação de
neurotransmissores como dopamina, serotonina e noradrenalina.
“O efeito imediato inclui sintomas como euforia, agitação, sensação
de prazer, irritabilidade, alterações da percepção e do pensamento,
assim como alterações cardiovasculares e motoras, como taquicardia
e tremores”, explica o psiquiatra Felix Kessler, do Centro de
Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS).


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