Aumenta o consumo de oxi em São Paulo. Além de mais barata e mais viciante, a pedra é também mais danosa para a saúde e mata
No começo deste mês, o Departamento de Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil de São Paulo fez as duas primeiras apreensões ? a última, na sexta-feira ?, da droga conhecida como oxi, que tem colocado em alerta especialistas e autoridades da área de saúde por ser mais barata, viciante e danosa do que o crack.
O oxi mostra seus efeitos logo na primeira semana de consumo. Com vômito e diarreia frequentes, alguns viciados podem perder até 10 kg em menos de um mês. O usuário apresenta problemas no aparelho digestivo, complicações renais, além de dores na cabeça e náuseas, que se tornam constantes. As gengivas são perfuradas e os dentes danificados (ficam porosos e podem cair).
Tem mais: as substâncias do oxi atingem principalmente o fígado, a faringe e os pulmões. "Praticamente todas as via respiratórias sofrem um grande comprometimento, o que pode levar à morte rapidamente alguém que tenha asma ou algum problema cardíaco", afirma Marta Jezierski, diretora do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), ligado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
Assim como o crack, o oxi é feito a partir da pasta base da cocaína e passa por um processo no qual outros produtos são acrescentados para se obter a pedra. O crack vem da mistura com amoníaco e bicarbonato de sódio, enquanto o oxi é feito com cal virgem, combustíveis (querosene, gasolina ou diesel) e outros oxidantes (daí a origem do seu nome), como explica Ana Cristina Fulini, especialista em dependência química da Clínica Maia Prime, em São Paulo: "São produtos mais baratos, que reduzem o preço da droga bastante, tornando-a uma alternativa para o usuário de crack".
Embora a droga só tenha sido apreendida pela polícia recentemente, relatos apontam que o oxi já é bastante popular no norte do país, principalmente no Acre e no Amazonas. Chegou à capital paulista nos últimos sete meses e tem sido amplamente usada entre viciados em crack. "Os pacientes informam sobre um tipo de pedra de crack mais barata e com efeito mais forte desde o ano passado", conta Ana.
Um fator que contribui para rápida adesão do usuário é a concentração de cocaína, mais alta no oxi, chegando a 80%, embora a pureza seja menor em consequência do excesso de ingredientes. O crack apresenta uma concentração de 40%. Essa diferença também torna o efeito do oxi mais rápido e potente, aumentando a sedução para o uso.
Segundo Marta Jezierski, os usuários de oxi em São Paulo consomem a droga pensando ser crack. "Na hora da fissura, dificilmente essas pessoas se perguntam o que é, alguns só sabem que é mais barato e forte", diz ela, alertando para o fato de que o oxi, em comparação com o crack, aumenta a paranóia e os surtos psicóticos.
Perigo
"Os pacientes informam sobre
um tipo de pedra
de crack mais barato e com efeito mais forte desde
o ano passado"
Ana Cristina Fulini,
especialista em dependência química
1,4
toneladas foram apreendidas no Acre desde 2009
Fronteiras
Em 2005, o Ministério da Saúde alertou para o aumento de usuários de oxi no estado do Acre. A droga chegou pelas fronteiras da Bolívia e do Peru, onde há relatos de seu uso desde a década de 1980.
Falta de mapeamento
Ainda não há qualquer tipo de mapeamento do uso do oxi nas principais capitais brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro. "O Cratod lançará um estudo específico na próxima semana", afirma a coordenadora Marta Jezierski.
Mais barata
Enquanto o crack custa até R$ 10 por pedra, o oxi pode ser encontrado por R$ 2. A droga tem sido apelidada em São Paulo de "Hulk" e "Kryptonyta", em referência à sua cor mais esverdeada
O oxi mostra seus efeitos logo na primeira semana de consumo. Com vômito e diarreia frequentes, alguns viciados podem perder até 10 kg em menos de um mês. O usuário apresenta problemas no aparelho digestivo, complicações renais, além de dores na cabeça e náuseas, que se tornam constantes. As gengivas são perfuradas e os dentes danificados (ficam porosos e podem cair).
Tem mais: as substâncias do oxi atingem principalmente o fígado, a faringe e os pulmões. "Praticamente todas as via respiratórias sofrem um grande comprometimento, o que pode levar à morte rapidamente alguém que tenha asma ou algum problema cardíaco", afirma Marta Jezierski, diretora do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), ligado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
Assim como o crack, o oxi é feito a partir da pasta base da cocaína e passa por um processo no qual outros produtos são acrescentados para se obter a pedra. O crack vem da mistura com amoníaco e bicarbonato de sódio, enquanto o oxi é feito com cal virgem, combustíveis (querosene, gasolina ou diesel) e outros oxidantes (daí a origem do seu nome), como explica Ana Cristina Fulini, especialista em dependência química da Clínica Maia Prime, em São Paulo: "São produtos mais baratos, que reduzem o preço da droga bastante, tornando-a uma alternativa para o usuário de crack".
Embora a droga só tenha sido apreendida pela polícia recentemente, relatos apontam que o oxi já é bastante popular no norte do país, principalmente no Acre e no Amazonas. Chegou à capital paulista nos últimos sete meses e tem sido amplamente usada entre viciados em crack. "Os pacientes informam sobre um tipo de pedra de crack mais barata e com efeito mais forte desde o ano passado", conta Ana.
Um fator que contribui para rápida adesão do usuário é a concentração de cocaína, mais alta no oxi, chegando a 80%, embora a pureza seja menor em consequência do excesso de ingredientes. O crack apresenta uma concentração de 40%. Essa diferença também torna o efeito do oxi mais rápido e potente, aumentando a sedução para o uso.
Segundo Marta Jezierski, os usuários de oxi em São Paulo consomem a droga pensando ser crack. "Na hora da fissura, dificilmente essas pessoas se perguntam o que é, alguns só sabem que é mais barato e forte", diz ela, alertando para o fato de que o oxi, em comparação com o crack, aumenta a paranóia e os surtos psicóticos.
Perigo
"Os pacientes informam sobre
um tipo de pedra
de crack mais barato e com efeito mais forte desde
o ano passado"
Ana Cristina Fulini,
especialista em dependência química
1,4
toneladas foram apreendidas no Acre desde 2009
Fronteiras
Em 2005, o Ministério da Saúde alertou para o aumento de usuários de oxi no estado do Acre. A droga chegou pelas fronteiras da Bolívia e do Peru, onde há relatos de seu uso desde a década de 1980.
Falta de mapeamento
Ainda não há qualquer tipo de mapeamento do uso do oxi nas principais capitais brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro. "O Cratod lançará um estudo específico na próxima semana", afirma a coordenadora Marta Jezierski.
Mais barata
Enquanto o crack custa até R$ 10 por pedra, o oxi pode ser encontrado por R$ 2. A droga tem sido apelidada em São Paulo de "Hulk" e "Kryptonyta", em referência à sua cor mais esverdeada
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