quarta-feira, 11 de maio de 2011

LIÇÃO DE VIDA PARA O OCIDENTE


A carta abaixo foi escrita por um imigrante
vietnamita que é policial no Japão (Fukushima).
Foi enviada a um jornal em Shangai que traduziu
e publicou. Recebi essa tradução, com a nota
de ter sido traduzida o mais fielmente
possível ao texto original.

Querido irmão,
Como estão você e sua família? Estes últimos
dias têm sido um verdadeiro caos. Quando
fecho meus olhos, vejo cadáveres e quando
os abro, também vejo cadáveres.
Cada um de nós está trabalhando umas
20 horas por dia e mesmo assim, gostaria
que houvesse 48 horas no dia para poder
continuar ajudar e resgatar as pessoas.
Estamos sem água e eletricidade e as porções
de comida estão quase a zero. Mal conseguimos
mudar os refugiados e logo há ordens para
mudá-los para outros lugares.
Atualmente estou em Fukushima – a uns 25
quilômetros da usina nuclear. Tenho tanto a
contar que se fosse contar tudo, essa carta
se tornaria um verdadeiro romance sobre
relações humanas e comportamentos
durante tempos de crise.
As pessoas aqui permanecem calmas – seu
senso de dignidade e seu comportamento
são muito bons – assim, as coisas não são
tão ruins como poderiam. Entretanto, mais
uma semana,e não posso garantir que as
coisas não cheguem a um ponto onde não
poderemos dar proteção e manter a ordem
de forma apropriada.
Afinal de contas, eles são humanos e quando
a fome e a sede se sobrepõem à dignidade,
eles farão o que tiver que ser feito para
conseguir comida e água. O governo está
tentando fornecer suprimentos pelo ar
enviando comida e medicamentos, mas é
como jogar um pouco de sal no oceano.
Irmão querido, houve um incidente realmente
tocante que envolveu um garotinho japonês
que ensinou a um adulto como eu uma lição
de como se comportar como verdadeiro
ser humano.
Ontem à noite fui enviado para uma escola
infantil para ajudar uma organização de
caridade a distribuir comida aos refugiados.
Era uma fila muito longa . Vi um garotinho de
uns 9 anos. Ele estava usando uma camiseta
e um par de shorts.
Estava ficando muito frio e o garoto estava no
final da fila. Fiquei preocupado se, ao chegar
sua vez, poderia não haver mais comida. Fui
falar com ele. Ele disse que estava na escola
quando o terremoto ocorreu. Seu pai trabalhava
perto e estava se dirigindo para a escola. O
garoto estava no terraço do terceiro andar
quando viu a tsunami levar o carro do seu pai.
Perguntei sobre sua mãe. Ele disse que sua
casa era bem perto da praia e que sua mãe e
sua irmãzinha provavelmente não sobreviveram.
Ele virou a cabeça para limpar uma lágrima
quando perguntei sobre sua família.
O garoto estava tremendo. Tirei minha jaqueta
de policial e coloquei sobre ele. Foi ai que a
minha bolsa de comida caiu. Peguei-a e dei-a
a ele. “Quando chegar a sua vez, a comida
pode ter acabado. Assim, aqui está a minha
porção. Eu já comi. Por que você não come”?
Ele pegou a minha comida e fez uma reverência.
Pensei que ele iria comer imediatamente, mas
ele não o fez. Pegou a bolsa de comida, foi até
o início da fila e colocou-a onde todas as outras
comidas estavam esperando para serem distribuídas.
Fiquei chocado. Perguntei-lhe por que ele
não havia comido ao invés de colocar a comida
na pilha de comida para distribuição. Ele
respondeu: “Porque vejo pessoas com mais
fome que eu. Se eu colocar a comida lá, eles
irão distribuir a comida mais igualmente”.
Quando ouvi aquilo, me virei para que as
pessoas não me vissem chorar.
Uma sociedade que pode produzir uma
pessoa de 9 anos que compreende o
conceito de sacrifício para o bem maior
deve ser uma grande sociedade,
um grande povo.
Envie minhas saudações a sua família.
Tenho que ir, meu plantão já começou.
Ha Minh Thanh

DEZ COISAS A SEREM
APRENDIDAS COM O JAPÃO
1 – A CALMA
Nenhuma imagem de gente se lamentando,
gritando e reclamando que “havia perdido
tudo”. A tristeza por si só já bastava.
2 – A DIGNIDADE
Filas disciplinadas para água e comida.
Nenhuma palavra dura e nenhum
gesto de desagravo.
3 – A HABILIDADE
Arquitetos fantásticos, por exemplo. Os
prédios balançaram, mas não caíram.
4 – A SOLIDARIEDADE
As pessoas compravam somente o que
realmente necessitavam no momento.
Assim todos poderiam comprar alguma coisa.
5 – A ORDEM
Nenhum saque a lojas. Sem buzinaço e
tráfego pesado nas estradas.
Apenas compreensão.
6 – O SACRIFÍCIO
Cinqüenta trabalhadores ficaram para bombear
água do mar para os reatores da usina de
Fukushima. Como poderão ser recompensados?
7 – A TERNURA
Os restaurantes cortaram pela metade seus
preços. Caixas eletrônicos deixados sem
qualquer tipo de vigilância. Os fortes
cuidavam dos fracos.
8 – O TREINAMENTO
Velhos e jovens, todos sabiam o que fazer
e fizeram exatamente o que lhes foi ensinado.
9 – A IMPRENSA
Mostraram enorme discrição nos boletins de
notícias. Nada de reportagens sensacionalistas
com repórteres imbecis. Apenas
reportagens calmas dos fatos.
10 – A CONSCIÊNCIA
Quando a energia acabava em uma loja, as
pessoas recolocavam as mercadorias nas
prateleiras e saiam calmamente.

matéria enviada por gcm claudio henrique

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