terça-feira, 3 de maio de 2011

Dono deve ser líder para o cão ficar obediente


Se você trata seu cão como filho, é bom saber
que ele não lhe vê como pai ou mãe, nem muito
menos como ser humanoFred e Bruce, cães adotados pelo psicólogo Fernando Pimentel,
aprenderam quem é o "líder da matilha". Já sabem os comandos
básicos de obediência e conseguem manter uma convivência
harmônica na nova família
FOTOS: VIVIANE PINHEIRO
Fortaleza Como descendente dos lobos, o cão doméstico só
entende a linguagem da matilha. Vê o dono como outro cão e
só quer saber quem é o líder. Se ele ou você. Para melhor
convivência, é bom entender este comportamento. Quem faz
o alerta é o consultor em comportamento animal, Jackson Maciel,
que há mais de 20 anos recupera cachorros com distúrbios de
conduta. Ele já perdeu as contas de quantos já tratou. Por isto
aponta dois cuidados essenciais: o animal não deve ser tratado
como um humano e o proprietário precisa aprender a se colocar
como líder. Do contrário, será comandado pelo próprio cãozinho.

O caso do Golden Retriever, Bruce, e do Sem Raça Definida
(SRD), Fred, dos proprietários Fernando Pimentel e Marcos
França, é emblemático. Primeiro chegou Bruce, totalmente
desobediente, em dezembro do ano passado. "Ele não conhecia
a palavra não", afirma o psicólogo Fernando Pimentel. Vindo de
uma família de São Paulo, foi adotado pelos dois amigos.
Quando chegou na nova casa, começou o comportamento
destrutivo. Seu alvo eram sapatos, meias, jornais e cuecas.
Se achava o líder. Muito carismático, chamava a atenção de
todos durante o passeio, uma verdadeira aventura de
um cão sem controle.
No passeio, os cães devem andar do lado esquerdo do líder.
Bruce e Fred provaram novamente que estão dispostos à obediência
No mês seguinte, os donos não tiveram alternativa. Chamaram o
"terapeuta" Jackson que, passados três meses, já conseguiu melhorar
muito a conduta de Bruce. O Golden até já convive muito bem com
o irmão canino Fred. Os dois machos sabem perfeitamente o lugar
de cada um na matilha. Fred foi socorrido da rua em fevereiro
passado, após campanha de adoção feita pela União Protetora
de Animais Carentes (Upac). Foi encontrado magro, com feridas,
parecendo vítima de calazar. Após duas semanas de tratamento e
exame confirmando não ser a doença, e sim sequelas da Erlichiose
(a doença do carrapato), Fred passou a integrar a nova família. Hoje,
parece um Weimaraner, só que na cor preta. Logo em seguida,
também entrou na terapia do "Dr. Jackson". Atualmente, os dois
cães sabem, exatamente, quem manda na casa.

Jackson Maciel trabalha com as técnicas recomendadas pelo
psicólogo de cães conhecido mundialmente, César Milan. O cão
é visto como animal que convive em matilha. Por isto, o trabalho
começa pelo dono, que aprenderá a se tornar o líder desta matilha.
A metodologia tem início com o ensinamento dos comandos básicos
de obediência canina: "senta", "fica", "junto" e "deita". O treinamento
é feito no dia a dia, por meio dos exercícios de liderança nos
ambientes de convivência do cão.
Outro momento importan- te: ao passar em portas ou portões, o líder
vai primeiro, depois os cães. Bruce e Fred, mais uma vez, demonstram
saber quem manda na casa
Segundo Jackson, os exercícios de liderança devem ser feitos para cães
de todas as raças e tamanhos. Não vale somente para os cães de
grande porte. Ele testemunha muitos casos de pets pequenos que
são verdadeiros "ditadores". Mandam em tudo na casa, desde o sofá
da sala, até a cama do dono.

"É fundamental o proprietário praticar os exercícios de liderança no
dia a dia. Ele precisa entender a psicologia canina para se afirmar
como líder da matilha", aponta ele. Para um trabalho eficiente, são
necessárias aulas duas vezes por semana, ficando o restante dos
dias para o dono praticar sozinho com o cão. Uma vez aprendidos os
comandos, a prática torna-se permanente, na vida inteira do animal.
Jackson conta que já salvou mais de 100 cães que seriam sacrificados
porque tinham comportamento agressivo. Os animais foram recuperados,
tornando-se aptos à convivência em nova família, ou seja,
em "nova matilha".
Pedro Paulo CANIL GUARDA CIVIL SÃO PAULO

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