Quem não sabe que comprar uma arma no Brasil é para lá de fácil?
Dos 7,6 milhões de revólveres, pistolas, espingardas e fuzis que estão
por aí, calcula-se que quase a metade seja ilegal. Quer dizer, disponível
para venda sem cumprir as formalidades de registro.
O cidadão com más intenções que estiver em busca de uma arma
clandestina, se preferir não lidar com a bandidagem local, encontrará
outro caminho na estrada para Foz do Iguaçu.
Em Ciudad del Este, a cidade paraguaia vizinha de Foz, qualquer
um pode comprar um revólver novo. E, depois, passar sem
medo pela fronteira.
Como mostrou uma reportagem da "Folha de S.Paulo", os vendedores
paraguaios providenciam até um serviço de "delivery". Um motoboy
atravessa a ponte da Amizade com a mercadoria escondida na moto
e a entrega no domicílio, já do lado brasileiro. A tranquilidade com
que esse tipo de compra e entrega é realizado comprova que as
fronteiras brasileiras --pelo menos com o Paraguai-- são uma
piada. E olhe que todo o mundo sabe disso: sacoleiros, turistas,
policiais, fiscais, governadores e até ministros.
José Eduardo Cardozo, escolhido pela presidente Dilma Rousseff
para o Ministério da Justiça, esteve ontem em Foz do Iguaçu.
Reconheceu que as fronteiras são vulneráveis e disse garantir que
os cortes nas verbas da Polícia Federal não vão piorar a situação.
Não é o que dizem os policiais federais. Claro que todo mundo
quer defender o seu, e o pessoal da PF não fica atrás --é só falar
em corte de verbas que começa a chiar. Mas parece bem difícil
melhorar um serviço que já era ruim tirando dinheiro dele.
O ministro precisa explicar melhor essa mágica.
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