Marcelo volta a falar em armar a Guarda Municipal de Araraquara
O prefeito Marcelo Barbieri fala durante o II Encontro Regional de Guardas Municipais
HAMILTON G P. MENDES
O II Encontro Regional de Guardas Municipais, realizado durante todo o dia de ontem nas dependências do Teatro Municipal, pode ter mudado por completo o futuro da Guarda Municipal (GM) de Araraquara, servindo como um verdadeiro divisor de águas na história da corporação, que ainda recentemente perdeu seu comandante, o tenente do Exército, Rudi Bauer.
O militar pediu sua exoneração depois de desentendimentos com o secretário municipal de Segurança, o coronel Spera, que, segundo integrantes da própria GM, vinha há tempos “amarrando” o desenvolvimento dos trabalhos na corporação. Falou-se abertamente pela cidade nos últimos dias, e O Imparcial chegou a publicar o assunto, que haveria um movimento orquestrado por parte de militares PM da reserva, no sentido de não permitir o fortalecimento das GMs pelo estado.
Pois ontem, durante sua fala no evento, o presidente da Associação Brasileira dos Guardas Municipais (Abraguardas), Ezequiel Edson Faria, não escolheu palavras e foi muito claro ao afirmar que espera ver, muito em breve, a Guarda Municipal de Araraquara armada, solicitando empenho do prefeito Marcelo Barbieri no sentido agilizar o porte de arma aos integrantes da corporação.
Faria foi ainda mais longe, quando, diante de todos os presentes afirmou estar bastante satisfeito com a saída do coronel Spera do comando da Secretaria de Segurança, afirmando que a filosofia das Guardas e da PM não combinam. A afirmação, de cara, causou muita surpresa e espanto nas autoridades de Araraquara presentes ao evento, mas aquilo era só o começo, e logo depois Faria foi ainda mais contundente ao garantir a todos que a PM boicota as GMs pelo estado.
E o problema, segundo ele, é muito sério, pois existiria a orientação do alto comando da PM de São Paulo, para que militares da reserva da corporação assumam o posto de comandantes das Guardas Municipais montadas pelo interior paulista.
A idéia, seria a de atuarem fortemente junto as classes políticas a fim de não permitir que elas sejam armadas, que elas tenham viaturas do tipo Romu (um tipo de força tática das GMs), que elas atuem como forças auxiliares de frente na prevenção de crimes, e nem tenham equipamentos similares aos utilizados pela Polícia Militar, como armas, canil e outros.
Ou seja, Faria garantiu no encontro, existir no interior na PM um trabalho coordenado em todo o estado com o intuito de manter as GMs fora do setor de segurança dos municípios, e atuando apenas como agentes auxiliares nas praças, próprios públicos e mesmo nas ruas das cidades. Além disso, naquelas cidades onde ainda não existe a Guarda Municipal, a orientação aos militares da cidade seria no sentido de não fomentar a idéia de sua criação.
A fala de Faria, literalmente, balançou o teatro municipal, e se foi surpresa para as autoridades locais presentes, pelo menos esteve o tempo todo alinhada com o que se falava pelos bastidores locais desde a deflagração da crise de relacionamento na GM de Araraquara, que culminou com o pedido de demissão do tenente Bauer, mas também com a queda do coronel Spera, um pedido feito explicitamente por todos os integrantes da Guarda Municipal diretamente ao prefeito Marcelo Barbieri.
Outro detalhe que não passou despercebido no evento de ontem é que quase 90% das 24 Guardas Municipais presentes ao encontro estavam armadas – uma delas, falou-se durante o encontro, tem até um helicóptero.
“Armar a GM”
Logo depois do encontro, o prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) voltou a falar sobre armar a Guarda Municipal de Araraquara. Segundo ele, que defendeu o armamento da corporação durante a campanha eleitoral de 2008, é necessário, antes de qualquer coisa, abrir um amplo debate democrático para trata a questão, e depois de vencido o obstáculo da aceitação da idéia pela classe política local, ainda seria necessário alterar a lei municipal referente à criação da GM em Araraquara, que prevê uma Guarda Municipal desarmada na cidade. “Vamos retomar o assunto”, disse.
Exposição
A abertura do II Encontro Regional de Guardas Municipais contou ainda com a apresentação do Grupo Urucum de Teatro Experimental, que encenou a peça “Anjos da Cidade”, com foco na importância da proteção à população, ao patrimônio e ao trânsito de uma cidade.
Antes da exposição dos painéis, o prefeito Marcelo Barbieri recebeu um quadro pintado pelo guarda civil Rafael, retratando o prédio da sala de controle dos rádios da GM. O diretor da Cutrale Carlos Otero recebeu um certificado de agradecimento.
O evento teve ainda a elaboração de uma carta que servirá para encaminhar os próximos passos para o fortalecimento das corporações no estado. O documento teve como teor os seguintes temas: “A Importância das Guardas Municipais para o Município”, “Valorização Regional das Guardas Municipais”, “Aposentadoria Especial para Guardas Municipais”, “Sistema de Informações das Guardas Municipais”, “Pronto Socorrismo em Situações de Risco”, “Planejamento Estratégico para Guardas Municipais”, “Vídeomonitoramento – Pronasci”.
Participaram no encontro representantes das cidades de Porto Feliz, São José do Rio Preto, Serrana, Catanduva, Santa Cruz das Palmeiras, Salto, São Carlos, Taiúva, Bebedouro, Matão, São Paulo, Guaíra, Itaiaçú, Leme, Ribeirão Preto, Borborema, Rio Claro, Rio de Janeiro, Valinhos, Limeira, Monte Alto, Vista Alegre, Ibaté e Brotas prestigiaram o 2º Encontro, que teve carreata no encerramento.
Dentre as autoridades, participaram também do evento o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, José Carlos Porsani; o tenente da reserva e ex-comandante da Guarda Municipal, Rudi Bauer; o vereador Édio Lopes; a presidente do Fundo Social, Zi Barbieri; a coordenadora da Assessoria Especial de Políticas para Pessoas Com Deficiência, Elisa Rodrigues, entre outros
Retirado de: O Imparcial
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