A CORAGEM E A COVARDIA 1.


"Os covardes morrem muito antes de sua verdadeira morte." (Júlio César).
Não é de hoje que o ser humano sofre pelas necessidades de reajustes em conseqüências de situações mal resolvidas. Não é tão simples ou não é de maneira simples que nós lidamos com a perda; quem é capaz de olhar a perda como parte de um ganho? Somente os que enfrentam o destino com coragem. A covardia que eu me refiro é aquela em que nos rejeitamos, em que não nos conhecemos, em que fugimos ao que poderíamos ser, em nível de bem ou mal, em relação às nossas próprias limitações. A covardia aqui apresentada faz referência àquela em que o ser foge de suas responsabilidades, ou mesmo diante da perda deseja que todos percam. Em profundidade podemos dizer que é natural diante da perda se buscar, através da punição de algo ou alguém, aquietar as dores, as frustrações... A própria punição em si já é uma forma de covardia. Por quê? É simples, o difícil é dialogar, encontrar um meio comum, um caminho do meio, uma razão que o impeça de realizar uma loucura.
Michel de Montaigne já dizia que "A covardia é a mãe da crueldade."
Quem já foi vítima de problemas com as normativas humanas no convívio social, emocional, sentimental, sabe que o covarde não é capaz de parar e refletir sobre as suas próprias ações; e por mais que se tente explicar possui sempre uma resposta pronta, uma justificativa que tenta enganar a si mesmo como mecanismo de fuga das próprias responsabilidades. Muito além do simples momento, a covardia segue castigando o covarde por meio de seus remorsos, culpas, necessidades de auto-reflexão... Hoje o mundo discute as razões que fizeram as religiões se tornarem tão grandes e poderosas. Isso não é de agora: o ser humano desde sempre buscou apoiar-se em algo para, somente depois, entender que tal caminho poderia vir a ser uma via de auto-conhecimento.
Em cada situação do passado que resolvo, que surge em minha vida como forma de reflexão, auto-questionamento, eu vejo e, por conseguinte percebo, que nós estamos atados por manias, repetições, gestos, hábitos que se reduzem ao simples fato de existirmos em sociedade. Dividir o espaço, viver em comunhão ou em comunidade, é um difícil desafio que nos obriga a estabelecer padrões comportamentais que, em alguns casos, violam as nossas próprias consciências. O medo, por sua vez, cria mecanismos para se tentar conseguir o que se quer por meio da covardia. A covarde quando entra em confronto visa acabar com seus rivais através das forças dos demais, ou mesmo com a influência dos demais, aquilo que lhe parece ameaça, ou que por algum motivo o tira do conforto. A covardia, entre aspas, obriga o covarde a estar em uma posição de segurança – e são excelentes em te convencer que este não é motivo de sua não interação. Todavia, o tempo “da acareação” chega para todos; cedo ou tarde as diferenças, obrigadas por uma força maior a se entenderem, jogam com o todo em meio ao profundo. Descobre-se que a confusão, em meio à covardia, converte-se em um demônio pronto para atacar!
Vejo ser engraçada a forma como a vida se faz existir: basta com que um apareça indignado ou em razão de algum reajuste que toda uma turma, em semelhante manifesto, retorna ao ponto de origem de um problema.
"Do medo de todos nasce, a covardia de quase todos." - disse Vittorio Alfieri.
"Esta covardia mole e tímida que não deixa nem ver, nem seguir a verdade." (Blaise Pascal).

enviado pelo meu amigo Inspetor Carneiro

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